“As férias são, tipicamente, um momento onde estamos mais permissivos no que diz respeito a gastos. É um mês mais descontraído e é normal a nossa carteira ressentir-se um pouco mais. Para algumas famílias, depois das férias, é necessário começar a preparar o regresso às aulas, o qual pode representar um peso no orçamento familiar. Neste sentido, é essencial reequilibrar as nossas contas, gerindo-as de forma a ultrapassarmos este momento que pode ser mais difícil”, sublinha Rui Bairrada, CEO do Doutor Finanças.
Neste contexto, o especialista em finanças pessoais e familiares adianta alguns conselhos e formas para no regresso de férias, reequilibrar as finanças:
• Verificar a dimensão dos gastos
Se não apontámos o que gastámos nas férias, este é o momento para o fazer. Devemos aceder aos cartões de crédito que utilizámos e fazer um rastreamento de todos os gastos, para depois avaliar o que temos de momento e organizar os próximos meses, refazendo o orçamento mensal.
• Ter em conta a inflação
Na organização do orçamento mensal para o próximo semestre, é necessário aumentar o valor máximo a gastar em algumas áreas, especialmente no que se refere ao combustível, eletricidade e/ou gás.
• Preparar o regresso às aulas
Poupar no material escolar este ano, com a inflação, pode também ser um desafio. Os preços estão todos mais caros, mas se fizermos compras conscientes é possível não gastar tanto. O passo mais importante é o anterior ao das compras: a realização de uma lista e a definição de um orçamento.
É importante fazer uma pesquisa online para ter uma noção de quanto pode custar preparar a mochila do filho. Verificar ainda se podemos reutilizar material de anos anteriores, como a mochila, o estojo ou outro tipo de materiais que ainda se encontrem em bom estado, evitando compras desnecessárias. Essencial é comparar preços e procurar as promoções.
Temos de ponderar ainda outras despesas que uma rotina escolar implica e que possam ter impacto no orçamento mensal familiar. Por exemplo, se é necessário colocar o filho em atividades extracurriculares; se precisa de comprar senhas para almoços; se precisa de comprar material tecnológico, entre outros.
Algumas podem ser despesas com mais impacto a longo prazo e outras a curto prazo, mas devemos ter todas em conta inicialmente, para não sermos apanhados de surpresa.
• Analisar onde podemos cortar
Para reequilibrar as contas e refazer o orçamento familiar, devemos avaliar despesas supérfluas, que podemos cortar em primeiro lugar. Por exemplo, despesas com lazer: saídas, comer fora, comprar roupa, entre outras. Também as despesas com serviços de streaming podem ser cortadas. Podemos optar por partilhar esses serviços com outras pessoas, dividindo o custo, por exemplo.
• Será o crédito consolidado solução?
Uma solução rápida que pode ajudar a reequilibrar as contas no imediato e para os próximos meses é fazer um crédito consolidado, caso tenhamos mais do que um crédito.
A consolidação de créditos junta todos os créditos num só, ficando a pagar apenas uma só prestação. Essa mensalidade única fica mais baixa do que se estivéssemos a pagá-la individualmente. Outra vantagem é a taxa de juro ser mais baixa do que a média do conjunto dos contratos de crédito, passando a ter um prazo concreto para liquidar as dívidas. Assim, é mais fácil evitar uma situação de incumprimento, uma vez que passamos a ter um maior controlo sobre os créditos que possuímos, num só pagamento.
No entanto, esta solução também apresenta desvantagens. Ao fazer-se um crédito consolidado, o prazo médio dos contratos pode aumentar, pelo que também ficamos a pagar juros durante mais tempo.
Existem certos critérios para aceder ao crédito consolidado. Se estivermos em incumprimento, é provável que não consigamos consolidar os créditos que temos. Se for este o caso, podemos ponderar outras soluções como a revisão dos contratos de crédito atuais.
Rever condições do crédito habitação
É importante revermos, principalmente, a taxa que tem no crédito habitação. Caso tenhamos uma taxa variável, pode não ser a melhor opção tendo em conta o panorama que atravessamos. A taxa fixa e a taxa mista são alternativas que devem ser ponderadas, neste momento.
Relativamente ao spread, podemos conseguir diminuir esta taxa caso acordemos outras condições com o banco. Ainda podemos pedir também a revisão dos seguros associados ao crédito habitação, principalmente o seguro de vida e o seguro multirriscos, que são produtos exigidos no momento em que fazemos o crédito.
Caso não fiquemos satisfeitos com as novas condições propostas pelo nosso banco, podemos avaliar a opção da transferência de entidades.
Devemos sobretudo, avaliar o mercado e fazer contas para tomarmos decisões conscientes e informadas. O Doutor Finanças pode ajudar em qualquer uma destas soluções, a identificar qual a melhor para o nosso caso em particular.