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Células velhas da pele podem acelerar envelhecimento de outras partes do corpo, revela pesquisa de investigadores portugueses

Descoberta foi feita por duas equipas de investigadores portugueses

17 Outubro 2024
Forever Young com Lusa

Duas equipas de investigadores portugueses, uma delas da Universidade de Coimbra (UC), descobriram que as ‘células velhas’ da pele podem acelerar o envelhecimento de outras partes do corpo humano, especialmente o cérebro, ao espalhar sinais de envelhecimento.

Em comunicado, a UC salientou que a descoberta das equipas do Centro de Neurociências e Biologia Celular e da Faculdade de Farmácia da UC e do Laboratório de Envelhecimento Celular e Molecular da Clínica Mayo, nos Estados Unidos da América, liderado pelo português João Passos, que acolhe investigadores nacionais, abre caminho ao estudo de futuras terapias que possam atrasar o processo de envelhecimento do corpo humano.

“Esta investigação constitui a primeira evidência direta que células senescentes na pele podem acelerar o envelhecimento noutras partes do corpo. Sugere, portanto, que a senescência de células da pele pode contribuir para efeitos generalizados de envelhecimento”.

A partir de um estudo em ratinhos jovens dos efeitos das células senescentes – células que se acumulam à medida que os órgãos envelhecem – os investigadores conseguiram perceber que a presença destas células envelhecidas na pele levou à diminuição da função musculoesquelética, aumentou a fraqueza física e diminuiu a capacidade de memória dos ratinhos.

O estudo observou ainda que o cérebro era afetado, nomeadamente o hipocampo, zona-chave para a memória e a função cognitiva, “condições frequentemente observadas no envelhecimento”, disse uma das coordenadoras, Cláudia Cavadas, líder do grupo de investigação em Neuroendocrinologia e Envelhecimento.

“Estas reações indicam que houve uma ligação entre as células envelhecidas na pele e o cérebro”, avançou.

Segundo o comunicado, os resultados do estudo contribuem para o conhecimento do envelhecimento do organismo, podendo abrir caminho para investigar intervenções inovadoras que visem atrasar o processo de envelhecimento sistémico.

“Potencialmente, podem ainda explicar a ligação entre doenças cutâneas e outras doenças associadas ao envelhecimento”.

Os investigadores salientaram que a descoberta de novos dados sobre o envelhecimento do corpo humano é crucial na atualidade, uma vez que “o envelhecimento da população é uma preocupação global e um dos maiores fatores de risco das principais doenças crónicas, como as doenças neurodegenerativas”.

“A investigação abre caminho a novas possibilidades de investigação sobre o envelhecimento, que podem focar-se, por exemplo, em conhecer melhor as células senescentes na pele e explorar novas estratégias que visem eliminar ou neutralizar aquelas células na pele, com o objetivo de reduzir os seus efeitos sistémicos no envelhecimento do organismo”, referiu o co-coordenador do estudo, João Passos.

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