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Como cheirava a Roma Antiga? A resposta não é para narizes sensíveis

8 Julho 2025
Forever Young

Entre fezes humanas e de animais, corpos a decompor-se e perfumes orientais, a Roma Antiga era uma cidade que se vivia com todos os sentidos, incluindo o olfato.

A investigadora Cecilie Brøns, do Museu Nacional da Dinamarca, publicou recentemente um artigo na plataforma académica The Conversation que explora uma dimensão pouco abordada da vida romana: os cheiros. Com base em fontes literárias, vestígios arqueológicos, inscrições e dados ambientais, o texto traça um retrato olfativo da Roma Antiga e a conclusão é clara: o cheiro não era para pessoas com narizes sensíveis.

Um aroma urbano pouco apetecível

A Roma do Império era um lugar denso, sujo e com sistemas sanitários rudimentares. A maioria das casas não estava ligada a esgotos, que serviam sobretudo para escoar águas pluviais. As fezes humanas eram recolhidas em fossas públicas e privadas, e a urina era valorizada para uso na indústria têxtil. Muitos habitantes viviam em apartamentos precários ou até nas ruas, sem acesso a instalações sanitárias. As vias públicas estavam frequentemente sujas com dejetos humanos e animais, e os cadáveres, de humanos ou de animais, nem sempre eram removidos ou enterrados de forma imediata, especialmente no caso dos mais pobres.

As pedras elevadas nas ruas de Pompeia, ainda visíveis hoje, terão servido para ajudar os cidadãos a atravessar as ruas sem pisar os resíduos acumulados.

Higiene duvidosa, perfumes reais

Os banhos públicos romanos, embora socialmente importantes, não eram garantia de limpeza. Uma mesma banheira podia conter vários banhistas ao mesmo tempo, e os resíduos acumulavam-se. Embora o sabão existisse, era pouco usado. O método mais comum era cobrir o corpo com azeite e raspá-lo com um estrígil, um instrumento de bronze curvo. O azeite usado, misturado com suor e poeira, era depois descartado, possivelmente nas próprias paredes ou chão dos balneários.

Havia também perfumes e desodorizantes rudimentares, embora alguns fossem usados por via oral. As substâncias aromáticas incluíam rosa, canela, açafrão e olíbano. A invenção do sopro de vidro, no século I a.C., tornou os frascos de perfume em vidro um achado comum nas escavações.

Estátuas perfumadas e comércio de especiarias

As estátuas de deuses e deusas eram frequentemente ungidas com perfumes, segundo inscrições descobertas em locais como a ilha de Delos. Os aromas à base de rosa eram comuns nestes rituais. Para estabilizar os perfumes, usava-se cera de abelha.

O império romano dispunha de rotas comerciais alargadas que permitiam o fornecimento regular de especiarias e aromas vindos da Índia e do Médio Oriente. Armazéns no centro de Roma guardavam produtos como pimenta, canela e mirra, frequentemente utilizados na criação de perfumes e incensos.

No artigo, Cecilie Brøns sublinha que, apesar da acumulação de cheiros desagradáveis, não há registos históricos de queixas sistemáticas sobre os odores urbanos. Como sugere o historiador Neville Morley, talvez esses fossem, para os romanos, os cheiros da civilização.