Com o olhar de Maria José Bessa, especialista de medicina geral e familiar da clínica de Telheiras da Walk-in Lisboa, a AdvanceCare deixa algumas sugestões para que o impacto seja o mais suave possível.
Não deve haver pausa mais desejada e merecida do que as férias. Num quotidiano que é cada vez mais exigente e absorvente, as férias constituem uma oportunidade para desligar, relaxar e para recarregar baterias. No entanto, ao vislumbrar o fim deste período de descanso merecido, torna-se importante preparar o regresso à rotina para suavizar ao máximo o impacto desta mudança.
Síndrome pós-férias: mito ou realidade?
Mas, tal como as férias são o momento mais desejado, chega também aquele momento que se gostaria de adiar o mais possível: o do regresso ao trabalho. A transição nem sempre é fácil e há até autores que falam em síndrome pós-férias. Não é esta, porém, a opinião da médica Maria José Bessa, cuja experiência clínica a leva a afirmar que “a maioria das pessoas reage bem”, embora reconhecendo que possa existir alguma tristeza com o fim das férias. Assim, a médica não identifica verdadeiros problemas de saúde nesse retomar da rotina, até porque o organismo tem uma grande capacidade de se adaptar e de entrar rapidamente na ordem. Naturalmente que há horários e ritmos, nomeadamente em termos de sono e alimentação que é preciso ajustar, mas a médica acredita que as pessoas se adaptam bem, tanto mais que na maioria dos casos as férias não se prolongam por mais de duas ou três semanas.
Aliás, Maria José Bessa chama até a atenção para uma situação oposta que tem identificado na sua prática clínica: a existência de pessoas, maioritariamente adultos do sexo masculino, para quem estar de férias é sinónimo de deixar de estar ocupado, podendo revelar-se descompensador. São, especifica, normalmente pessoas com menos sociabilidade e com um caráter mais misógino.
Ainda assim, a médica admite que muitas pessoas aproveitam a paragem oferecida pelas férias para “um refresh na maneira de estar e de ser”.
De volta sem stress
É normal que o regresso à rotina seja gerador de alguma ansiedade: não só pela perspetiva do trabalho que, entretanto, se acumulou, como porque também é necessário articular os novos ritmos laborais com os novos ritmos familiares – esta é uma questão que se coloca particularmente a quem tem filhos, já que o fim do verão é sinónimo de aproximação do ano escolar, o que implica um sem número de tarefas.
O que é preciso é evitar que essa ansiedade natural se transforme em fonte de sentimentos negativos com esse regresso ao quotidiano, Para isso, os especialistas em gestão do stress deixam estes 10 conselhos:
- Evite que o último dia de férias seja na véspera do regresso ao trabalho.
- Ajuste progressivamente os horários e as rotinas – alguns dias antes, comece a organizar-se e às tarefas da casa, de modo a que a transição seja o mais suave possível.
- Se conseguir, regresse ao trabalho a meio da semana – assim, são apenas dois ou três dias até uma nova pausa propiciada pelo fim-de-semana e o impacto da mudança é menor.
- No primeiro dia de trabalho, levante-se um pouco mais cedo do que o necessário de modo a ter algum tempo para cuidar de si, tomando o seu pequeno-almoço sem pressa e saindo de casa com tempo.
- Uma vez no local de trabalho, dê nova vida ao seu espaço – reorganize a secretária e liberte-se dos objetos que estão a mais: assim, é mais fácil enfrentar o dia.
- Organize a sua agenda e defina prioridades: se possível, comece o dia com uma tarefa que lhe seja gratificante e útil – um novo projeto, por exemplo.
- Não queira resolver todos os assuntos pendentes logo no primeiro dia – corre o risco de ficar ansioso, frustrado e cansado.
- Não regresse apenas ao trabalho – retome as atividades que lhe dão prazer, como a ida ao ginásio ou o jogging ao final da tarde.
- Prolongue o espírito das férias – faça um jantar com amigos e partilhe as fotografias e os melhores momentos; leve para o emprego uma recordação das férias – uma fotografia ou um objeto ajudam a gerar emoções positivas.
- Programe uma “escapadela” de fim-de-semana algumas semanas depois do regresso ao trabalho.
- É verdade que o primeiro dia de regresso ao trabalho é o que custa mais. Mas estar sempre a pensar que as férias acabaram não ajuda: o melhor é canalizar as energias renovadas para uma nova atividade, seja no emprego, seja fora dele. E pensar que para o ano há mais férias. Por que não começar já a planeá-las? Pode ser uma boa motivação…