A COVID-19 trouxe, ao nosso quotidiano, uma avalanche de análises e discussões, refere o site airfree.pt. Além de todos os termos científicos que passámos a ler nas notícias e a ver nas TV’s, a imposição do distanciamento social fez-nos refletir sobre o estilo de vida que adotávamos anteriormente, e até que ponto ele é sustentável à escala global.
“Aprender” com o presente, para melhorar o futuro.
Há quem diga que tudo voltará a ser como antes quando a vacina estiver disponível. Outros acreditam que tudo mudará para sempre e que o pós-COVID representará outra dinâmica global e estilo de vida. Em que grupo se encontra?
Lembremos que a Organização Mundial da Saúde (OMS) já mencionou que a ocorrência de outras emergências sanitárias mundiais está iminente. Ou seja, é pouco provável que a COVID-19 seja a última pandemia com que teremos de lidar. Por isso é fundamental que governos, organizações e a sociedade, como um todo, estejam devidamente preparadas através de investimentos e planeamentos sustentáveis, para lidar com futuros problemas de saúde, desconhecidos ou não.
Ao analisarmos crises passadas percebemos que assim que a situação de emergência fica sob controle, há uma tendência a mudar o foco das preocupações e esquecer o problema vivenciado. Esse ciclo não nos ajuda no desenvolvimento de atitudes preventivas e eficazes, a longo prazo.
Para vencer o vírus?
O pós-pandemia só se tornará uma realidade se conseguirmos combater o SAR-COV-2, causador da COVID-19. Até ao momento, o avanço das pesquisas já pôde ajudar a tratar melhor, e com mais eficácia, os doentes com COVID-19, ou a definir melhores estratégias de prevenção. Mas para vencer o vírus dependemos, basicamente, da capacidade do nosso sistema imunitário para esse combate. E essa imunidade ao vírus pode ser adquirida tanto de forma artificial como natural.
Artificialmente, tal imunidade poderá ser obtida com as vacinas, que já estão em desenvolvimento e pelas quais a população anseia. Contudo, não basta que elas fiquem prontas para estarmos protegidos; é necessário que também cumpram diversos requisitos.
Como é que a vacina pode ajudar?
Além de serem seguras para a aplicação em humanos, as vacinas precisam estar disponíveis e acessíveis a todos. Assim, uma alta taxa de redução das transmissões só chegaria quando boa parte da população estivesse vacinada (imunidade coletiva ou “de rebanho”). Esse conceito prevê que as pessoas imunizadas formariam uma “barreira contra o vírus” – protegendo aquelas que não podem estar vacinadas/imunizadas. E a ciência ainda procura saber que percentagem da população deverá estar imunizada para que se atinja essa imunidade coletiva contra a COVID-19.
Por fim, mesmo depois de fazer a vacina, há que considerar a eficácia da sua proteção, que influenciará o número de pessoas (vacinadas ou não) que ainda estarão sujeitas à contaminação e transmissão da doença.
Imunidade naturalmente adquirida…
Num cenário em que as vacinas não sejam eficazes (também porque nem todos querem fazê-las) ou não sejam suficientes (pela alta procura, entre outros motivos), o pós-pandemia virá principalmente por meio da imunidade naturalmente adquirida. Ou seja, adquirida pela imunidade resultante da contaminação com o vírus.
Infelizmente, se assim for, pode levar mais tempo do que desejaríamos (alguns anos) e custar muito mais vidas até que se alcance a imunidade coletiva. E nesse caso, o tempo de convivência com a COVID-19 também dependerá de ser recorrente, ou mais rara, a reinfecção.
Mas a prevenção tem de continuar!
Devemos saber que, seja qual for a forma de alcançar a imunidade desejada, o tempo necessário para que isso aconteça ainda terá o vírus a circular. E por isso as medidas preventivas deverão permanecer, incluindo o uso de máscaras e o distanciamento social.
Espera-se assim, que mesmo com a vacina e uma imunidade coletiva, essas medidas preventivas venham a tornar-se o nosso estilo de vida (o novo normal), também extensivo a outras doenças além da COVID-19.
Que interações sociais?
Nas previsões de especialistas, não só este momento de convivência com o vírus, como também o pós-pandemia, trarão mudanças na forma de interagirmos com os outros.
Por exemplo, os restaurantes precisarão passar confiança aos clientes. Uma das possibilidades seria com cozinhas abertas, em vidro, para que fosse possível conferir o nível de higiene e o cuidado no manuseio da comida. Cardápios e meios de pagamento serão preferencialmente digitais, evitando que objetos sejam tocados por várias pessoas no mesmo dia. Sistema de entregas em casa ou retirada no local serão priorizados em diversos ramos comerciais.
Quanto ao ensino, ele deve ganhar força em ambientes virtuais, com aulas remotas para aqueles que desejarem. Ginásios também podem seguir essa tendência, com a oferta de aulas ora presenciais, ora online.
“Formatos” da atividade laboral
O ambiente de trabalho também passa por uma grande reflexão sobre como seguir no pós-pandemia. Quem continuará a trabalhar a partir de casa? Quais as vantagens e desvantagens desse formato?
Por outro lado, muitas empresas puderam reduzir gastos (contas, alugueres de espaços, etc) e colher bons frutos com o teletrabalho. Muitas delas já permitem que os funcionários fiquem em teletrabalho e afirmam que essa será uma opção para aqueles que assim quiserem continuar, mesmo depois de a pandemia ter terminado. Entretanto, para muitas profissões não haverá mesmo essa possibilidade…
Saúde física e mental
Por ser uma doença nova, pouco se sabe sobre as sequelas decorrentes de quem teve COVID-19, as quais estão a ser descobertas com o tempo. Até ao momento, os médicos já antecipam que as pessoas curadas possam enfrentar danos nos pulmões, cérebro, coração e sistema imunitário, além de um prolongamento de alguns sintomas, como cansaço e falta de ar.
Todas essas mudanças, contudo, vão além da esfera física e terão impacto também na saúde mental de milhões de pessoas, por exemplo com o aparecimento e agravamento de distúrbios de ansiedade.
A quarentena foi (é) essencial para ajudar a minimizar os impactos da pandemia, mas as pessoas são seres sociais, que não lidam bem com demasiada solidão. E alguns estudos indicam que a quarentena tem originado mais casos de insónia, depressão e stress pós-traumático.
Da mesma forma, os problemas financeiros e o desemprego decorrentes da economia fragilizada também podem afetar o bem-estar e a saúde mental.
Assim, voltar a estabelecer, logo que possível, espaços físicos de conexões sociais é mais do que uma prioridade económica. É uma forma de cuidar do bem-estar das pessoas e ajudá-las a recuperar depois de uma crise sanitária global.
Refletir e olhar a vida de forma diferente…
Mas a pandemia não deixará apenas consequências negativas; ela também pode ter deixado um legado positivo. O meio ambiente, por exemplo, pôde ter uma pausa (e quem sabe provocou mudanças) nos muitos impactos a que diariamente é submetido pela ação humana.
Por causa da quarentena, houve também mais tempo para que cada um pudesse refletir e olhar, de uma forma diferente, para o que mais importa nas suas vidas.
Além de que, na sua maioria, as pessoas estão agora habituadas a permanecer mais tempo em casa, o que apesar das desvantagens para alguns, pode resultar para outros em menor ansiedade e stress.
E assim, muitos de nós repensam agora um novo estilo de vida, com um melhor equilíbrio entre trabalho, vida pessoal e dedicação a hobbies, gerindo o tempo que passamos sozinhos e na companhia de outras pessoas.
Portanto, importa preservar a saúde física e mental sempre que possível.