A doença inflamatória intestinal (DII) afeta atualmente cerca de 25.000 pessoas em Portugal, um número que se prevê que venha a aumentar significativamente até 2030, de acordo com dados recentes.
Fernando Magro, médico gastroenterologista e Presidente da European Crohn’s and Colitis Organisation (ECCO) explica que “existem doentes que não respondem aos tratamentos convencionais, pelo que é fundamental que tenham acesso a fármacos biológicos, capazes de tratar a DII de forma a evitar complicações graves, que têm consequências como a necessidade de cirurgia e eventual perda de parte dos intestinos”.
Ainda não há cura conhecida para a DII, e o tratamento concentra-se principalmente na redução dos sintomas e na procura da remissão a longo prazo. Os sintomas desta doença têm um impacto enorme na qualidade de vida dos doentes e tem grandes repercussões no bem-estar físico e emocional, tornando a gestão das atividades diárias bastante desafiante e por vezes impossível. Embora a DII possa afetar pessoas de todas as idades, é mais comum entre os 15 e 40 anos, havendo, no entanto, cada vez mais doentes a serem diagnosticados numa idade mais jovem.
Além dos desafios enfrentados pelos doentes, a DII também representa um ónus significativo para o Sistema Nacional de Saúde. Estima-se que o custo total da DII em Portugal seja de 146 milhões de euros por ano, com custos diretos a representarem 59% desse valor. Custos que incluem consultas médicas, visitas à urgência, hospitalizações e cirurgias, e aos quais se juntam custos indiretos, como perda de produtividade e reforma antecipada, e que representam os 41% restantes.1
A DII engloba duas formas principais: a doença de Crohn e a colite ulcerosa. Esta condição crónica é caracterizada pela inflamação persistente do trato gastrointestinal, resultando numa série de sintomas debilitantes. Tanto na doença de Crohn como na colite ulcerosa, o sistema imunitário não funciona corretamente, levando o corpo a atacar-se a si próprio, causando inflamação e úlceras .
1 – Magro, F. et al. (2022) ‘Burden of Disease and Cost of Illness of Inflammatory Bowel Diseases in Portugal’, Portuguese Journal of Gastroenterology, 30(4), pp. 283–292. doi:10.1159/000525206.
Available at: https://karger.com/pjg/article/30/4/283/836432/Burden-of-Disease-and-Cost-of-Illness-of
2Santiago, M. et al. (2019) ‘What forecasting the prevalence of inflammatory bowel disease may tell us about its evolution on a national scale’, Therapeutic Advances in Gastroenterology, 12. doi:10.1177/1756284819860044 Available at: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/1756284819860044.