Rir é uma ferramenta que temos naturalmente para reduzir o stress, ajudar a superar os obstáculos da vida e, em suma, viver melhor. É neste sentido que surge a risoterapia, uma técnica que permite libertar tensões físicas e emocionais, mas que não é, por si só, uma terapia, nem convencional, nem alternativa: é uma técnica que pode ser abordada para dar resposta à simples necessidade de equilíbrio ou compensação em determinadas fases da vida, ou como complemento ao tratamento de doenças como a depressão.
Normalmente, a risoterapia é aplicada em sessões, coordenadas por monitores especializados, onde se recorre a técnicas de expressão corporal, danças, jogos e até massagens, para que o riso seja desencadeado de forma natural. Em suma, uma forma diferente de combater problemas como o stress, a ansiedade, a solidão e a depressão.
Mas em que momento e com que motivações uma pessoa recorre à risoterapia? Segundo Sabrina Tacconi, risoterapeuta, «os motivos podem ser muito variados, mas alguns deles são a vontade de mudar de registo de pensamento, a constatação de que precisa de cuidar mais de si, o querer aprender mais sobre o riso, fases depressivas ou simplesmente a ambição de ter mais alegria na sua vida».
Os exercícios realizados numa sessão de risoterapia têm por objetivo o relaxamento muscular e a libertação de serotonina, uma hormona ou neurotransmissor responsável por estabelecer a comunicação entre células nervosas e que pode também ser encontrada no sistema digestivo e nas plaquetas do sangue. Esta hormona é considerada um antidepressivo natural, porque a sua ação regula o humor, o sono, o apetite, a frequência cardíaca, a temperatura do corpo, a sensibilidade e as funções intelectuais. Com esta versatilidade de funções, um défice de serotonina pode desencadear uma série de sintomas frequentemente associados à depressão, como variações de humor, insónias e ansiedade.
Um outro benefício da risoterapia é a libertação de endorfina, uma outra hormona que os especialistas associam à sensação de bem-estar e que é produzida durante o exercício físico e a prática sexual. Altos níveis de endorfina são sinónimo de melhor memória, maior resistência física, fortalecimento do sistema imunitário, bloqueio de lesões dos vasos sanguíneos, efeito paliativo contra a dor e maior satisfação sexual.
Sabrina Tacconi refere, ainda, outras vantagens: «Além da libertação de serotonina e endorfina, rir incondicionalmente fortalece o sistema imunológico e cardiovascular, limpa o sistema respiratório, é um método anti-stress e dá energia às pessoas, relaxando-as profundamente.»
Seniores felizes
Um dos projetos coordenados por Sabrina Tacconi é o “Rir+ na Terceira Idade”, um programa de risoterapia destinado aos seniores. «O riso aproxima as pessoas, e na Terceira Idade, isso é muito importante». Mais ainda quando as sessões se realizam em grupo: «Rir coletivamente ajuda a aumentar a confiança entre as pessoas, e isso faz com que se conheçam e estabeleçam relações. A solidão é um dos principais desafi os entre a população sénior, pelo que a terapia do riso se apresenta como uma boa solução.»
«O “Rir+ na Terceira Idade” quer levar o método de Yoga do Riso ao lares e centros de dia, com o objetivo de dinamizar os seniores que lá se encontram. É um dos meus projetos de sonho e já geri um projeto de seis meses com este público-alvo, com resultados inacreditáveis.»
Nesta faixa etária e não só, Sabrina Tacconi realça a importância de rir, dentro ou fora da terapia, para uma melhor qualidade de vida: «Através da prática de riso regular, criamos novos padrões de pensamento e novas conexões neuronais, um facto cientificamente provado. Ao nível físico, sentimo-nos também muito melhor, devido à libertação de substâncias naturais do cérebro que favorecem todo o organismo. É impressionante como uma emoção aparentemente tão simples pode ser tão importante nas nossas vidas. Rir é sempre positivo e construtivo.».
[artigo originalmente publicado em Março de 2020]