O Doutor Finanças, empresa especializada em finanças pessoais e familiares, apresentou hoje, na NOVA Information Managemente School (NOVA IMS), em Lisboa, o estudo “Bem-Estar Financeiro em Portugal: Uma Perspetiva Comportamental“. Esta é a primeira iniciativa em Portugal a analisar a vertente comportamental e psicológica da vida financeira dos portugueses.
Realizado em parceria com a Laicos – Behavioural Change, o estudo conta com as chancelas científicas da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL) e da NOVA IMS, a faculdade de Data Science e de Gestão da Informação da Universidade NOVA de Lisboa.
O projeto tem como objetivo compreender o estado atual do bem-estar financeiro dos portugueses e perceber como este afeta e é afetado tanto por comportamentos financeiros como por componentes psicológicas.
“O lançamento deste estudo pretende contribuir para uma discussão produtiva e consequente sobre a importância da literacia financeira em Portugal. Não queremos apenas melhorar a posição nos rankings de literacia financeira. Acreditamos que a literacia não é uma finalidade em si, mas sim uma ferramenta para algo muito maior do que apenas uma vida financeira mais equilibrada. É crucial para o nosso bem-estar e felicidade“, refere Sérgio Cardoso, Chief Education Officer do Doutor Finanças.
A maioria da população portuguesa (64%) apresenta um nível baixo de conhecimento financeiro, o que afeta o seu bem-estar financeiro e, consequentemente, o seu bem-estar geral. Segundo o estudo, quase metade dos portugueses experiencia stress devido à sua condição financeira, com os níveis de tristeza e stress a serem mais elevados em pessoas com menor bem-estar financeiro.
O conhecimento financeiro dos portugueses foi comparado com outros países europeus com PIB per capita e literacia financeira acima da média europeia. Portugal surge, no momento presente, atrás dos níveis da Alemanha e Países Baixos de há 15 anos. Estes números reforçam a importância de investir na literacia financeira no país, bem como desenhar e implementar planos de ação capazes de dar resposta à situação.
Atualmente, uma em cada quatro pessoas tem dificuldades em pagar as suas contas; inclusive, um em cada três portugueses considera que os seus encargos com créditos são demasiado elevados. Além disso, 53% dos entrevistados assume sentir-se insatisfeito com a sua vida financeira.
A maioria dos portugueses tem alguma poupança, mas quase metade não possui um fundo de emergência. O que significa que não dispõem do valor necessário para cobrir as suas despesas durante três meses em caso de necessidade. Assim, em caso de perda de rendimento, as famílias portuguesas enfrentam desafios adicionais.
Por outro lado, 55% da população já investiu algum dinheiro, sendo que a maioria optou por investimentos de menor risco, como Certificados de Aforro e Planos Poupança Reforma. Já 62% das pessoas que nunca investiram, não consideraram fazê-lo até à data.
Em Portugal, indivíduos do sexo feminino, que apresentem rendimentos baixos ou que tenham um nível de escolaridade até ao ensino secundário têm maior probabilidade de experienciar um nível de bem-estar financeiro menor, ter baixos níveis de conhecimento e sentir mais ansiedade financeira.
“Este estudo é um passo importante e decisivo para melhorar o bem-estar financeiro dos portugueses. Infelizmente, sabemos que o bem-estar financeiro dos portugueses é baixo. Sabemos também que os programas de promoção de literacia financeira raramente são eficazes a alterar comportamentos financeiros e a aumentar o seu bem-estar financeiro. Este estudo responde diretamente a este desafio, pois providencia o substrato de evidência científica necessário para criar intervenções mais eficazes ao iluminar as variáveis centrais para aumentar o bem-estar financeiro dos portugueses, e, consequentemente, a sua felicidade”, indica Lourenço Reis, co-fundador da Laicos – Behavioural Change.
Diego Costa Pinto, Professor da NOVA IMS e Diretor do NOVA Marketing Analytics Lab, destaca a abrangência dos temas analisados: “Este estudo revela claramente que entender e melhorar o bem-estar financeiro vai além dos simples aspetos económicos, estando profundamente enraizado no comportamento do consumidor e nos contextos socioeconómicos. As intervenções para melhorar a literacia financeira devem ser cuidadosamente planeadas para corresponder às reais necessidades das pessoas, aproveitando dados comportamentais e recorrendo às mais avançadas técnicas do marketing analítico para formular soluções mais eficientes e personalizadas. Apenas com uma abordagem abrangente e interdisciplinar será possível enfrentar os desafios financeiros atuais, desenvolvendo estratégias que verdadeiramente impactem e conduzam a mudanças duradouras“.
“Vinte sete por cento das famílias portuguesas identifica-se como estando em condições de sobreendividamento. As preocupações, stress e exigências cognitivas decorrentes de se viver sobreendividado criam um risco acrescido de esgotamento da nossa capacidade de autorregulação, o que ironicamente, leva a piores decisões, agravando as consequências adversas da escassez na qualidade de vida. É urgente implementar medidas para combater este efeito bola-de-neve e promover o bem-estar financeiro dos portugueses“, acrescenta o Professor Catedrático Mário Ferreira, Diretor do Conselho de Escola da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.