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Do Indiana Jones ao Freddy Krueger: a história de 6 grandes sucessos do cinema que nunca serão esquecidos

Nesta lista existem algumas personagens do cinema que já por cá andam há mais de 60 anos, mas que o cinema se recusa a deixar morrer.

10 Março 2020
Forever Young

Ao longo das décadas a literatura, a banda desenhada e o próprio cinema criaram personagens que fizeram sucesso no grande ecrã e nunca mais de lá saíram. As sequelas, as prequelas e os remakes fazem as delícias dos fãs de uma gama de personagens que se tornaram imortais no cinema, algumas vindas de outras formas de cultura pop – os super-heróis da Marvel e da DC Comics, por exemplo – e outras especificamente criadas para o cinema com um nível de sucesso que torna impensável à indústria de Hollywood deixá-las cair no esquecimento.

Saiba como nasceram e por que perduram figuras com as quais crescemos e que muito dificilmente algum dia irão desaparecer.

Darth Vader

O universo Star Wars continua a ser épico e já o era em 1977, quando foi lançado o primeiro título pelas mãos de George Lucas. Mas não restam dúvidas de que no centro de todo o imaginário desta saga é o vilão e não o herói quem mais brilha. Darth Vader é o nome da personagem mais icónica deste franchise, que foi o grande antagonista da trilogia original, para passar a ser o protagonista dos três filmes de prequela lançados anos depois. A importância da personagem é tão grande que o próprio George Lucas resume os seis primeiros filmes a ela, ao dizer que tratam da “tragédia de Darth Vader”.

Anakin Skywalker, um jedi originalmente profetizado como alguém que traria equilíbrio à Força, foi atraído para o lado negro por Palpatine. Depois de ser desmembrado numa luta de sabres de luz com o seu antigo mentor Obi-Wan Kenobi, Darth Vader é transformado num ciborgue e, basicamente, no mau da fita. Acaba por redimir-se ao salvar o seu filho, Luke Skywalker, e ao aparentemente matar Palpatine, sacrificando a sua própria vida.

É claro que história de uma personagem que povoa uma saga como a de Star Wars é muito mais complexa do que se pode resumir em poucas linhas, mas aquilo em que ela se transformou para a indústria do cinema é muito simples: uma autêntica galinha dos ovos de ouro.

Darth Vader é, até hoje, um dos mais icónicos vilões da cultura pop, e é referido em todas as listas dos melhores vilões de sempre do cinema. O American Film Institute considera-o o terceiro melhor vilão da história do cinema, apenas atrás de Hannibal Lecter, de “O Silêncio dos Inocentes”, e Norman Bates, de “Psycho”. Nem mesmo a passagem de vilão a herói na trilogia de prequela serviu para afetar a popularidade da personagem.

James Bond

O famoso agente 007, que conhecemos mais recorrentemente do cinema, foi uma criação do jornalista britânico Ian Fleming em 1953, e já deu vida não só a filmes, mas também livros, banda desenhada e videojogos. Ao longo da sua carreira, Ian Fleming escreveu 12 livros e duas coleções de pequenas histórias com esta personagem. Os dois últimos livros sobre James Bond – “The Man with the Golden Gun” (1965) e “Octopussy and The Living Daylights” (1966) foram publicados já depois da morte do autor.

James Bond é um agente dos Serviços Secretos ingleses que vive em Londres, mas trabalha a nível internacional. Para criar esta personagem, Ian Fleming baseou- -se em comandos do exército que conheceu na Marinha durante a II Guerra Mundial, aos quais adicionou o seu próprio estilo literário. Segundo o autor, o nome James Bond, com toda a espetacularidade que ganhou, foi “roubado” a um ornitologista norte-americano, que nunca teve nada a ver com espionagem e dedicou a sua vida a estudar a vida das aves no Caribe.

Desde a morte de Ian Flemming, em 1964, houve outros autores autorizados a escrever histórias com a personagem James Bond, entre eles John Gardner, que assinou 14 livros e duas novelizações. Outros autores contribuíram para a imortalidade do agente secreto com pelo menos um livro, como Kingsley Amis (sob o pseudónimo Robert Markham), Sebastian Faulks, Jeffery Deaver, William Boyd, e Anthony Horowitz.

No cinema já se contam 26 filmes com seis atores diferentes a vestir a pele de James Bond – Sean No cinema já se Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig.

Indiana Jones

Ao contrário de outras grandes personagens, que chegaram ao grande ecrã depois de terem nascido na literatura ou na banda desenhada, Indiana Jones foi criado diretamente para o cinema pelo realizador George Lucas, em homenagem aos heróis dos filmes de ação dos anos 30. Apesar de ser uma personagem que parece ter- -nos acompanhado ao longo de quase uma vida inteira, só foram produzidos quatro filmes de Indiana Jones – “Os Salteadores da Arca Perdida” (1981), o “Templo Perdido” (1984), “A Última Cruzada” (1989) e o “Reino da Caveira de Cristal” (2008). O quinto filme deveria ter saído em 2019, mas foi adiado para o verão deste ano.

A par de Han Solo, de “Star Wars” – outro franchise de George Lucas –, Indiana Jones foi uma das personagens mais importantes para o lançamento da carreira de Harrison Ford, hoje com 77 anos.

Quanto à personagem propriamente dita, Dr. Henry Walton “Indiana” Jones, Jr., é um professor de arqueologia fictício, que se envolve numa série de aventuras na sua busca por artefactos arqueológicos. A personagem marcou a história do cinema e rapidamente se tornou um gigantesco franchise, que inclui livros, revistas de banda desenhada, cadernetas de cromos, videojogos e figuras em PVC, entre outros. Aparece também em alguns parques temáticos da Disney, visto que quando a Lucasfilm foi comprada pela The Walt Disney Company, em 2012, esta passou a deter os direitos sobre a personagem. No entanto, a Paramount mantém os direitos de distribuição dos primeiros quatro filmes. Em 2003, o American Film Institute, uma das mais conceituadas instituições do cinema nos EUA, considerou Indiana Jones como o segundo melhor herói do cinema, atrás de Atticus Finch, interpretado por Gregory Peck, em “To Kill a Mockingbird” (1962).

Batman

Muitas personagens nascidas na banda desenhada, de gigantes como a Marvel ou a DC Comics, passaram pelo grande ecrã com grande sucesso. São os casos de Superman, Iron Man, Spider Man e tantos outros. Mas poucos conseguem o estrondo que cada filme de Batman provoca ao chegar ao cinema – mesmo quando a personagem central nem sequer é ele, como é o caso de “Joker”, um dos grandes sucessos de bilheteira de 2019.

Batman, ou se preferir, Bruce Wayne, é um milionário filantropo que, em criança, assistiu ao assassinato dos seus pais. Para se vingar, combate o crime na corrupta cidade fictícia de Gotham, sob uma identidade secreta, tendo como aliado o fiel amigo Robin e também o Batmobile, um carro armadilhado que ajuda o herói a combater os vilões.

Ao contrário de muitas outras personagens vindas da banda desenhada, Batman não tem nenhum superpoder. As suas capacidades no combate ao crime são um intelecto de génio, uma grande destreza em artes marciais e recursos financeiros que lhe permitem ter ao seu dispor um enorme arsenal. Vários vilões coexistem no universo de Batman, mas o mais emblemático e com maior carga dramática é Joker, brilhantemente interpretado no cinema por atores como Jack Nicholson, Heath Ledger e, recentemente, Joaquin Phoenix.

Batman foi criado pelo artista Bob Kane e pelo argumentista Bill Finger, e apareceu pela primeira vez no número 27 da revista “Detective Comics”, publicada pela DC Comics em 1939. Originalmente com o nome “Bat-Man”, esta personagem ficou também conhecida como o Cavaleiro das Trevas.

Um ano depois da sua introdução na bibliografia da DC Comics, em 1940, Batman passou a ter a sua própria revista e começou a ascensão. Chegou à televisão no final da década de 60 numa versão muito superficial e algo estilizada, que ficou “colada” à personagem nos anos seguintes. Vários autores trabalharam, entretanto, para devolver Batman ao seu lado negro original, o que culminou com o lançamento de uma série de quatro livros de banda desenhada em 1986, com o título “The Dark Knight Returns”, escrita por Frank Miller.

Três anos depois, em 1989, Tim Burton “agarrou” na personagem e fez a sua magia, transformando-o numa máquina de fazer dinheiro para a indústria do cinema. Neste primeiro filme, Michael Keaton teve um dos maiores papéis da sua carreira ao interpretar Batman, fazendo par romântico com Kim Basinger e contracenando ainda com Jack Nicholson, numa brilhante interpretação de Joker. A este filme seguiram-se mais três: “Batman Returns” (1992), “Batman Forever” (1995) e “Batman & Robin” (1997), antes da trilogia “The Dark Knight”, que revisitou as origens da personagem entre 2005 e 2012. Depois destes filmes surgiram outros em que Batman aparece ao lado de outras personagens da DC Comics, como são os casos de “Batman v Superman: Dawn of Justice” (2016), “Suicide Squad” (2016), ou “Justice League”, entre outros. “Joker”, lançado em 2019, é obviamente mais um exemplo emblemático da imortalidade do universo de Batman no cinema.

Freddy Krueger

Nos anos 80, Dracula e Frankenstein seriam, provavelmente, os maiores clássicos do cinema de terror, fruto das suas incursões em filmes que já vinham dos anos 20 e que eternizaram estas personagens durante décadas. Mas os anos 80 serviram para reinventar muita da cultura popular, e, no que diz respeito ao cinema de terror, terá sido uma das décadas que mais personagens com impacto criou.

Há enormes franchises em torno de assassinos fictícios como Michael Myers, de “Halloween”, Jason Voorhees, de “Sexta-Feira 13” e Pinhead de “Hellraiser”, mas nenhum deles atingiu os píncaros de criatividade – e de pura loucura – que Wes Craven inscreveu em Freddy Krueger.

“Pesadelo em Elm Street” – o filme de 1984 que lançou Johnny Depp – poderia ser apenas mais um filme de terror a guardar na enorme prateleira dos anos 80, e foi isso mesmo que pensaram muitos estúdios que rejeitaram a obra de Wes Craven, longe de imaginar que tinham à sua frente aquilo que se transformaria no sexto maior franchise de sempre do cinema de terror. O único estúdio a mostrar interesse foi – e aqui começa a loucura que envolve todo este franchise – a The Walt Disney Company, que ponderou a ideia de fazer da ideia de Wes Craven um filme animado para crianças, proposta que terá sido imediatamente rejeitada pelo criador de “Pesadelo em Elm Street”. O filme acabou por ser feito por um estúdio novo e independente, a New Line Cinema, que conseguiu assim o seu primeiro sucesso comercial e se tornou conhecida nos EUA como “a casa que Freddy Krueger construiu”.

“Pesadelo em Elm Street”, por incrível que pareça, terá sido inspirado em factos reais. Não porque alguma vez tenha existido um Freddy Krueger, mas porque Wes Craven teve a ideia depois de ler notícias sobre refugiados asiáticos que, após fugirem para os EUA para escaparem à guerra no Vietname, Laos e Camboja, relataram ter pesadelos terríveis, ao ponto de se recusarem a dormir. Alguns homens com idades compreendidas entre os 19 e os 57 anos acabaram por morrer durante o sono, após fugirem à guerra, e o fenómeno ficou conhecido como “Síndrome de Morte Asiática” ou, cientificamente, “Síndrome da Morte Súbita Inesperada Noturna”.

Com base nestas informações, Wes Craven criou a história de Freddy Krueger, um assassino de crianças que, anos depois de ser morto, carbonizado por alguns pais de Elm Street, na cidade fictícia de Springwood, regressa nos sonhos dos filhos das pessoas que o mataram para se vingar. Este foi o mote para uma série de seis filmes entre 1984 e 1991, um filme fora da série, “Wes Craven’s New Nightmare” (1994), que traz Freddy Krueger para a vida real, “Freddy vs. Jason”, que junta na mesma fita Krueger e Jason Voorhees de “Sexta-Feira 13”, e um remake do original, lançado em 2010. Entre 1988 e 1990 foi ainda para o ar a série de televisão “Freddy’s Nightmares”, que contou com duas temporadas, num total de 44 episódios.

Ao longo de todo este tempo foram inúmeras as vezes que se falou de um reboot e também de uma prequela, que, até hoje, não viram a luz do dia. Há rumores de que a New Line Cinema está a preparar um novo filme do franchise, mas mantém-se no segredo dos deuses qual a abordagem e a data prevista.

Freddy Krueger tornou-se mais um ícone da cultura pop, mas tem ainda mais uma curiosidade, que é o facto desta personagem se confundir, de alguma forma, com o ator que a interpreta. Robert Englund encontrou em Krueger a personagem da sua vida e teve mesmo de habituar-se à ideia de que tudo o que tivesse feito antes ou fosse fazer a seguir a Freddy Krueger seria irrelevante. Ao longo da série, a interpretação deste ator passou de sinistra a divertida, e de divertida a humorista, o que acabou por transformar Freddy Krueger numa personagem simultaneamente terrível e bem disposta, que o público adora odiar.

Exterminador Implacável

Corria o ano de 1984 quando James Cameron atirou à cara dos cinéfilos um blockbuster de ficção científica como nunca se tinha visto antes. “Terminator”, no nome original, conta a história de um ciborgue assassino que viaja no tempo do então longínquo ano de 2029 (hoje tão próximo) para 1984, com o objetivo de matar Sarah Connor (Linda Hamilton). Tudo para impedir que ela dê à luz um filho que será o líder da rebelião contra as máquinas num futuro pós-apocalíptico. Atrás do exterminador chega também do futuro o soldado Kyle Reese, interpretado por Michael Biehn, enviado pela resistência para proteger Sarah Connor.

A esta distância, e depois de vermos filmes como “Regresso ao Futuro”, que foi lançado um ano depois, ou os mais recentes “The Butterfly Effect” ou “12 Monkeys”, todo este enredo, envolvendo alguém que regressa do futuro para evitar uma catástrofe alterando o passado, parece-nos familiar. Mas em 1984 esta história teve um impacto tremendo, tornando o afamado exterminador numa personagem de culto.

Arnold Schwarzenegger tornou- -se o rosto do Exterminador Implacável, mas a verdade é que ele apenas interpretou a personagem no primeiro filme, visto que passou de vilão a herói nas sequelas. Sem dúvida esta personagem foi a mais importante da carreira de Schwarzenegger, que chegou ao filme de 1984 com apenas duas películas no currículo – “Conan the Barbarian” (1982) e “Conan the Destroyer” (1984) – e desde então fez carreira não apenas com “Terminator”, mas também com muitos outros blockbusters, como “Commando” (1985), “The Running Man” (1987), “Predator” (1987) ou “Total Recall” (1990).

A saga “Terminator” conta hoje com seis filmes, o último lançado em 2019, e não parece ter fim à vista. O franchise inclui também uma série de televisão – “Terminator: The Sarah Connor Chronicles”, transmitida pela Fox entre 2008 e 2009 –, videojogos, novelizações e colecionáveis.

Curiosamente, e muito embora o primeiro filme tenha tido um enorme sucesso, foi a sequela de 1991, “The Judgement Day”, que catapultou a personagem na cultura pop. É por isso que esta série de filmes é muitas vezes referida como uma das poucas em que a sequela é melhor do que o original. É que do ambiente sombrio do primeiro “Terminator” (em 1984 alguns clubes de vídeo chegaram a colocá-lo na prateleira dos filmes de terror) passou-se para um festival de ação e efeitos especiais, que assentou que nem uma luva nos gostos dos espetadores de cinema jovens e adultos do início da década de 90. Segundo o Rotten Tomatoes, um site agregador de críticas de cinema que é uma referência nos EUA, “Terminator” é o sexto maior franchise do cinema, atrás de “Toy Story”, “Dollars”, “The Lord of the Rings”, “Mad Max” e “Star Wars”, e à frente de “Indiana Jones”.

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