Ensaio: Renault Mégane R.S. Trophy

A cor amarela sempre esteve ligada ao departamento de competição da marca francesa, aqui bem representado por um dos seus melhores desportivos de estrada.

A cor amarela da carroçaria chama a atenção, mas não é suficiente para nos dar a entender o quão especial é esta versão do Renault Mégane. Por outro lado, as cavas das rodas mais largas com uma largura de vias a condizer e a presença de jantes de liga leve de maiores dimensões com detalhes pintados em vermelho, já podem dar uma ideia que não se trata de uma versão comum deste modelo da marca francesa. Mas ainda há mais. Este Renault Mégane amarelo conta ainda com para-choques desportivos de maiores dimensões, com um extrator de ar mais generoso na secção traseira, um sistema de escape central com uma saída de grandes dimensões e com elementos de iluminação específicos no para-choques da frente. Mas mesmo assim, com todos estes elementos a diferenciar esta versão, a Renault achou que tudo isto ainda não era suficiente e, por isso, resolveu decorar o para-choques dianteiro com a inscrição Trophy, na lamina que diz ser herdada dos modelos de fórmula 1.

E é isso, se por acaso também ainda estava na dúvida sobre qual seria esta versão do Renault Mégane, é justamente essa, a R.S. Trophy, desenvolvida totalmente pelo departamento de competição da Renault Sport e que constitui o topo da oferta dos Mégane mais desportivos. Mas o melhor é que além de todos os elementos de que já falámos, ainda podemos contar com um sistema de quatro rodas direcionais, um sistema de travagem mais elaborado com a assinatura da Brembo e com pinças pintadas em vermelho, com jantes especificas Jerez de 19 polegadas e que nelas têm instalado um conjunto de pneus Bridgestone Potenza S001.

O motor é o bloco de 1,8 litros, sobrealimentado, com uma potência máxima de 300 cavalos, todos encaminhados para as rodas dianteiras através de uma caixa de velocidades manual de seis relações, ainda que também esteja disponível uma automática EDC de dupla embraiagem.

No habitáculo, o que mais se destaca são mesmo os fabulosos assentos da Recaro, que nos deixam perfeitamente encaixados no lugar onde mais queremos estar e numa posição muito melhor do que acontecia com o seu antecessor, por exemplo, graças a uma coluna da direção que deixa o volante numa posição mais vertical e ao facto dos assentos também terem descido cerca de 20 milímetros nesta versão. Depois disto, os pedais em alumínio e o comando da caixa de velocidades colocado numa posição certa dão o toque final para um bom momento de condução, faltando apenas ativar o sistema de telemetria integrado, que regista todos os dados do Mégane, bem como os nossos tempos por volta quando estamos em circuito.

Explorar o comportamento dinâmico de um Mégane R.S. é algo que já não é muito aconselhável fazer na via publica, uma vez que o ritmo consegue ser bastante elevado e nada compatível com os limites impostos por lei. Mas a Renault também pensou nisso e para que fosse possível explorar os limites da versão Trophy sem as habituais preocupações, levou-nos até ao autódromo do Estoril. A curiosidade em conhecer o desempenho desta versão fez com que até o São Pedro dificultasse um pouco mais as coisas e nos tivesse oferecido uma dose intensa de chuva. Mas mesmo assim, o Mégane R.S. Trophy revelou-se preciso e muito estável, com uma tração incrível nas saídas das curvas mesmo quando o nosso subconsciente já nos está a dizer que não vai correr bem. O chassis mais desportivo CUP presente nesta versão Trophy ajuda na estabilidade em curva, mas os amortecedores, molas e barras estabilizadoras mais firmes, bem como o diferencial autoblocante mecânico Torsen é que são dos principais responsáveis por nos sentirmos tão à vontade em pista com este modelo, mesmo em condições meteorológicas nada favoráveis para explorar um modelo de prestações mais elevadas.

Texto de André Mendes (Automonitor).