“A meta para 2025 é aumentar em dois pontos percentuais a cobertura na rede pública deste programa”, adiantou Alexandre Homem Cristo, durante o Simpósio Programas Bilingues em Inglês, que decorre hoje e sábado no Fundão, no distrito de Castelo Branco.
O governante frisou que o desafio não é simples, mas que é uma “boa meta”.
O objetivo é ter “mais escolas nesta rede, mais alunos a beneficiar desta iniciativa e uma maior escala neste projeto, que nos permita, até do ponto de vista da evidência, alargá-lo a outra escala ainda maior num futuro mais curto”, frisou o secretário de Estado.
O programa de ensino bilingue em inglês funciona há 13 anos, atualmente em 32 agrupamentos de escolas em Portugal, numa escola portuguesa em Moçambique e em cinco estabelecimentos privados.
Alexandre Homem Cristo avançou que há 10% dos alunos no ensino em Portugal que não têm o português como língua materna e considerou que os projetos bilingues são um instrumento para o sucesso escolar e aumenta a probabilidade de sucesso na integração de alunos estrangeiros.
O secretário de Estado aludiu também ao programa do Governo, que prevê “não no próximo ano letivo, mas no seguinte, já dar um passo no sentido” de o inglês passar a ser ensinado no primeiro ano do primeiro ciclo.
O diretor do Agrupamento de Escolas Gardunha e Xisto, no Fundão, município apontado como um exemplo na implementação do programa bilingue, apontou as dificuldades sentidas, salientou que “os resultados dos alunos são bons” e apontou aspetos que é necessário corrigir.
Jorge Andrade disse que a “instabilidade do corpo docente é sempre uma preocupação” e pediu ao governante que crie ferramentas que permitam acautelar a colocação de professores, para salvar “a habitual amargura anual da incerteza”.
“A angústia de não podermos dar resposta às solicitações de matrículas no primeiro ano, ou a possibilidade de fortalecer o programa no segundo e terceiro ciclos fica comprometida, porque não sabemos com que pessoas contamos no próximo ano cria uma aura de incerteza que não é compreensível após dez anos”, vincou Jorge Andrade.
O diretor do Agrupamento de Escolas Gardunha e Xisto também alertou Homem Cristo que “o cumprimento estrito dos critérios de matrícula do despacho que regulamenta a inscrição dos alunos não permite nenhum tipo de escolha pelo programa” e pode deixar alunos fora desta opção devido à sua morada.
O presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, enfatizou que o ensino bilingue foi “uma aposta importante para a firmação do concelho” e do projeto educativo e se tornou uma vantagem e uma “estratégia de desenvolvimento”.
“Termos ensino bilingue ajudou-me imenso a atrair investimento e talento para o meu território. O ensino bilingue faz parte do nosso caderno de atração de investimento, de diferentes perfis, porque isso ajuda muito no processo de acolhimento de pessoas e quadros de outras zonas do mundo”, salientou.
O presidente do município mencionou as pessoas de 74 nacionalidades que residem no concelho, um total de 15% de alunos e o posicionamento do Fundão como um local de acolhimento, que recebe refugiados e migrantes.
“O ensino bilingue ajuda no processo de inclusão dos migrantes que possam chegar”, sublinhou, acrescentando que este projeto educativo precisa de continuidade e é estrutural.
O município do Fundão oferece ensino bilingue desde 2011, no primeiro ciclo, e em 2015 o projeto foi alargado ao segundo ciclo e depois ao terceiro.
Atualmente frequentam o ensino bilingue no concelho do Fundão 203 alunos, em três escolas do Agrupamento de Escolas Serra da Gardunha e estão envolvidos 16 professores.