O Centro de Inovação Médica (CIM) é um projeto que tem como missão contribuir para aumentar a longevidade humana e a qualidade de vida dos seus pacientes. Nas palavras de Rita Oliveira, a sua diretora clínica, «temos o objetivo de aumentar a probabilidade do número de anos de vida dos nossos pacientes e garantir a sua qualidade de vida».
Por Sandra M. Pinto
«A resiliência é um fator importantíssimo, sendo que o otimismo e a perseverança farão sempre a diferença», assegura Rita Oliveira nesta entrevista onde se falou sobre o Centro de Inovação Médica, mas também da sua faceta enquanto mulher empreendedora. De fato, o CIM surgiu de uma ideia e vontade da Rita, que estudou e se muniu de conhecimento holístico e profissional (junto do corpo docente e dos alunos da Porto Business School), para conseguir realizar o seu sonho.
O que é e quando nasceu o Centro de Inovação Médica (CIM)?
O Centro de Inovação Médica é uma clínica médica de longevidade. O CIM nasceu em 2016, mas apenas em 2020 abrimos portas no Porto, com o objetivo de sedimentar toda a atividade cirúrgica e de investigação num único espaço.
Qual a missão deste espaço?
A missão do CIM é, sem dúvida alguma, aumentar a probabilidade do número de anos de vida dos nossos pacientes e garantir a sua qualidade de vida.
Quais os pilares que sustentam a sua atuação?
· Medicina personalizada
· Equipa multidisciplinar
· Abordagens médicas exclusivas de grande avanço tecnológico e médico
Temos como filosofia a medicina personalizada, recorrendo a uma equipa multidisciplinar altamente diferenciada, com vista a otimizar a saúde e imagem dos nossos pacientes no menor tempo possível.
Em que medida se apresentam como um espaço com serviços inovadores?
O nosso compromisso com a população ao alcançar a longevidade e qualidade de vida individuais é absolutamente inovador e disruptivo. Recorremos a novas tecnologias, novas abordagens médicas, como por exemplo a genética médica, integradas em equipas multidisciplinares com foco na medicina preventiva. Aposta na mesma medida na investigação médico-científica e no avanço tecnológico. Todo este processo é baseado na mais rigorosa e robusta evidencia científica o que garante a qualidade e resultado em saúde.
Em que consiste o vosso Plano Obesidade?
Sabemos que uma pessoa obesa ou com excesso de peso não consegue viver tantos anos como uma pessoa saudável. Sendo o CIM uma clínica de longevidade, procuramos desenvolver um Plano de Tratamento que contrariasse esta premissa. Assim nasceu o Plano Obesidade que consiste numa abordagem inovadora no combate a esta doença.
Trata-se de um plano personalizado, exclusivo e multidisciplinar elaborado especificamente para cada indivíduo, tendo em conta as suas características genéticas. Envolve ainda avaliações clínicas e acompanhamento médico de especialidades e áreas clínicas tais como Medicina Geral e Familiar, Nutrição, Psicologia, Medicina Desportiva, Performance Desportiva, Podologia, Cardiologia, Medicina Interna, Endocrinologia ou Consulta da Mama.
Durante todo o processo é feito um acompanhamento personalizado e detalhado, assegurando uma continuidade de cuidados médicos e não médicos para obter os melhores resultados.
Por sua vez, a Cirurgia Metabólica pode fazer parte do plano de tratamento em casos selecionados. É o primeiro passo com vista à execução do Plano de otimização em saúde. A cirurgia enquanto parte integrante deste Plano consegue resultados por si só, mas é o acompanhamento pré e pós-cirúrgico realizado pelas diversas áreas e especialidades médicas que garante a rapidez com que são atingidos e ainda o facto de serem sustentados no tempo.
Trata-se de reprogramar o organismo para comer com qualidade e não em quantidade, através de um processo sem sacrifícios, leve e feliz.
Ao nível da abordagem cirúrgica, o que é e qual o fator diferenciador da Cirurgia Metabólica Porta Única?
A Cirurgia Metabólica, de uma forma geral, é uma técnica que possibilita, através de vários mecanismos, curar a obesidade e doenças associadas, através de um método modelador da fome.
Diferencia-se e destaca-se de outros métodos como a banda gástrica, balão e sleeve endoscópico, uma vez que vai muito além da restrição à ingestão alimentar, já que altera a cascata hormonal e, por isso, proporciona o controlo hormonal da fome e uma melhor relação com os alimentos.
Mais especificamente, a Cirurgia Metabólica Porta Única, consiste numa abordagem cirúrgica que não deixa cicatriz. É feita através do umbigo sendo, por isso, totalmente invisível aos olhos de quem o vê. Permite que três dias após a cirurgia esteja na praia e que ninguém saiba que fez este procedimento.
Tendo em vista estas duas vertentes qual a mais-valia para os pacientes?
Com a nossa experiência clínica conseguimos perceber que, mentalmente, quando não existem indícios visíveis do procedimento, há um maior esquecimento da vida passada (de obesidade e excesso de peso). Consequentemente, verificamos que os pacientes que realizam a Cirurgia Metabólica Porta única, apresentam uma melhor recuperação, maior adesão terapêutica e resultados mais rápidos.
Na sua opinião longevidade e melhoria da qualidade de vida são perfeitamente compatíveis?
Claro que sim. Cada vez mais o mundo científico trabalha na criação de valor e novas soluções que vão dar resposta aos novos desafios que as necessidades da população com maior esperança media de vida exigem.
Acha que a idade é hoje encarada de outra forma, ou o preconceito etário existe e está a crescer?
O “tempo” não é o vilão responsável pelo envelhecimento, mas sim o estilo de vida que adotamos. E esta é a chave do sucesso e da melhoria em saúde.
Olhemos um pouco mais de perto para a Rita. Como surgiu o seu interesse pelos temas da saúde?
Penso que desde pequenina, em Arouca, quando ouvia falar no inigualável Professor Manuel Sobrinho Simões. A minha trajetória sempre foi desenhada perto da biologia e, dadas as minhas características individuais, sempre gostei de pessoas e das suas histórias, por isso penso que, desde então, estariam reunidas as condições para o exercício da medicina.
Enquanto mulher empreendedora, o que levou a fundar o CIM?
O desafio lançado, em tom de brincadeira, pelo Professor José Luis Alvim numa aula durante a pós-graduação de Gestão e Direção de Serviços de Saúde na Porto Business School: “Rita, não queres revolucionar a saúde? Devias pensar em alguma coisa que mudasse definitiva e categoricamente as vidas das pessoas? O que é que as pessoas querem?”
Depois de muito pensar, e de muito sistematizar, sabia que se nós, médicos e pessoas da ciência, pudéssemos oferecer na sua plenitude alguma coisa aos nossos utentes seria, definitivamente, anos de vida com qualidade.
Que ferramentas foram necessárias para passar da ideia à sua concretização?
Acho que o fundamental aqui são as competências técnicas, mas também as soft skills: a resiliência e a persistência são fundamentais. Foi um caminho muito duro para se conseguir concretizar, sem nunca abdicar de alguns princípios que considerei sempre fundamentais.
Que conselhos deixaria a outras mulheres que tenham um sonho por concretizar?
Estarem conscientes da exigência emocional destes cargos e serem muito rigorosas no equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho. A resiliência é um fator importantíssimo, sendo que o otimismo e a perseverança farão sempre a diferença.