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Entrevista: «Uma em cada 3 mulheres irá morrer de doença cardiovascular; o enfarte agudo do miocárdio é uma delas», Rita Calé Theotónio, cardiologista

A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) volta a consciencializar para o enfarte agudo do miocárdio.

Segundo os dados do Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção (RNCI), em 2022, foram realizadas 4.361 angioplastias primárias, para o tratamento de enfarte agudo de miocárdio, em Portugal. Cerca de um quarto dos doentes tratados foram mulheres com uma média de idade de 69 anos, 25 por cento das quais fumadoras ou ex-fumadoras, e com um índice de massa corporal médio de 28 (excesso de peso). Falámos com Rita Calé Theotónio, presidente da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) para perceber a dimensão deste problema e de que forma afeta ele em especial as mulheres. 

O enfarte agudo do miocárdio ocorre quando uma das artérias do coração fica obstruída, o que faz com que uma parte do músculo cardíaco fique em sofrimento por falta de oxigénio e nutrientes, começa por referir a nossa entrevistada.

Quando surgiu a Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC)?
A APIC (Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular) é uma entidade sem fins lucrativos, que surgiu em 2010 e que tem como principais objetivos a educação médica de profissionais de saúde e da população no âmbito de toda a atividade relacionada com intervenções cardiovasculares minimamente invasivas realizadas através de cateter.

Qual a sua missão e filosofia?
Uma das suas principais missões é aumentar a literacia em saúde nos temas relacionados com a atividade da Cardiologia de Intervenção, como o tratamento do enfarte agudo do miocárdio ou o tratamento minimamente invasivo das doenças que atingem as válvulas cardíacas.

Em que consiste o enfarte agudo do miocárdio?
O enfarte agudo do miocárdio ocorre quando uma das artérias do coração fica obstruída, o que faz com que uma parte do músculo cardíaco fique em sofrimento por falta de oxigénio e nutrientes. Embora a doença coronária que afeta as artérias do coração seja uma doença progressiva que implica a formação e crescimento de placas de gordura e cálcio nas artérias ao longo de anos, o enfarte agudo do miocárdio ocorre subitamente quando uma dessas placas instabiliza e rompe, formando-se um coágulo que entope a artéria. Quando isto acontece, é necessário pedir ajuda rapidamente através do número nacional de emergência médica (112) para ser acionada a Via Verde Coronária e o (a) doente ser transportado (a) rapidamente para um hospital com laboratório de hemodinâmica e profissionais que possam no imediato realizar um cateterismo para desobstrução da artéria.

Em números: quantos portugueses sofrem com esta doença?
Todos os anos mais de 10 mil portugueses sofrem um enfarte agudo do miocárdio, uma doença cuja incidência continua a ser elevada e uma importante causa de morte cardiovascular.

Quais os principais sintomas?
Os sintomas mais típicos de um enfarte agudo do miocárdio são o aparecimento súbito de dor no peito opressiva, tipo “peso”, que pode irradiar para um dos braços ou para o maxilar, acompanhada de mal-estar geral, suores e náuseas ou vómitos.

Existe forma de prevenir?
Para evitar um enfarte é importante adotar um estilo de vida saudável: não fumar; reduzir o colesterol; controlar a tensão arterial e a diabetes; fazer uma alimentação saudável; praticar exercício físico; vigiar o peso e evitar o stress.

O enfarte agudo do miocárdio atinge mais homens ou mulheres?
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, “em 2021, as doenças do aparelho circulatório continuam a constituir a principal causa de morte no país, com 32 452 óbitos, ou seja, 25.6% da mortalidade total ocorrida no país. A mulher constitui 55.6% do total destes óbitos”. A manter-se a tendência dos dados, significa que uma em cada 3 mulheres irá morrer de doença cardiovascular. Existem várias manifestações possíveis da doença cardiovascular, e o enfarte agudo do miocárdio é apenas uma delas.

 Qual o motivo ou motivos dessa situação?
As doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte no país devido a uma variedade de fatores, como estilo de vida pouco saudável, dieta inadequada, falta de exercício físico, tabagismo, stress, obesidade, alta prevalência de hipertensão arterial e diabetes mellitus frequentemente mal controladas. Além disso, o acesso limitado a cuidados de saúde preventivos também desempenha um papel significativo no perpetuar desta situação.

O fato de as mulheres constituírem 55.6% do total de óbitos por doenças cardiovasculares sugere que elas podem ser mais suscetíveis a certas condições cardiovasculares ou que podem enfrentar desafios específicos de saúde cardiovascular. Existem fatores de risco que são específicos das mulheres, determinados pela sua biologia e ambiente hormonal como fatores relacionados com a gravidez, uso de contracetivos orais, patologias do foro ginecológico (como a síndrome do ovário poliquístico e a endometriose) ou alterações hormonais como as que ocorrem durante o período da menopausa.

E as idades são elas semelhantes entre ambos os sexos?
As mulheres têm habitualmente o enfarte agudo do miocárdio uma década mais tarde do que o homem porque as hormonas femininas que são os estrogénios, as protegem, enquanto se encontram em idade fértil.

Olhemos mais atentamente para as mulheres: estão elas devidamente alerta de que este é um problema que também as podem atingir?
É verdade que apesar do fator protetor hormonal, as mulheres também podem vir a sofrer de enfarte. E esse risco nem sempre é percecionado pela sociedade. Existe o equívoco de que as mulheres não são afetadas por essa condição, o que não é verdadeiro. Em idades mais jovens, na fase pré-menopausa, o tabagismo e a história familiar de doença coronária podem aumentar o risco de enfarte na mulher. Na fase pós-menopausa, o risco da mulher equipara-se ao do homem.

É fundamental transmitir a mensagem de que o enfarte agudo do miocárdio é uma condição grave que pode impactar tanto homens quanto mulheres.

Sofrem elas sintomas diferentes daqueles que atingem os homens?
As mulheres têm com maior frequência sintomas menos típicos de enfarte agudo do miocárdio. Em algumas mulheres, o enfarte pode ocorrer sem dor no peito e, em vez disso, podem apresentar sintomas como dor no pescoço, no maxilar, ombro, braço ou costas. Podem apresentar ainda outros sintomas menos típicos, como falta de ar, suores, má disposição com náuseas e vómitos, tontura e fadiga.

E esta apresentação da doença menos típica pode constituir um problema porque não só favorece um maior atraso na procura dos cuidados médicos após surgirem os primeiros sintomas de enfarte agudo do miocárdio, como dificulta o diagnóstico e atrasa o tratamento.

A que fatores devem as mulheres estar atentas, relativamente a esta situação?
As mulheres devem estar atentas aos fatores de risco clássicos que podem favorecer este tipo de doenças como a diabetes mellitus, a hipercolesterolemia, a hipertensão arterial, o tabagismo e o sedentarismo.

O que devem elas deixar de fazer como forma de prevenção?
Uma das medidas mais cruciais é evitar iniciar ou cessar o hábito de fumar. Para aquelas que sofrem de doenças crónicas, como hipertensão arterial ou diabetes, é essencial realizar consultas regulares com o médico de família e aderir fielmente à medicação prescrita. Além disso, é fundamental seguir uma dieta equilibrada de estilo mediterrâneo, limitando a ingestão de sal e álcool. A promoção da atividade física, integrando-a de forma natural e regular na rotina semanal, também é vital. Não apenas auxilia no controle do peso, mas também contribui para o controlo do stress e da ansiedade, promovendo o bem-estar geral.

Relativamente à menopausa, pode ela constituir um fator de risco acrescido?
Na fase da menopausa, a mulher passa por alterações hormonais significativas, com uma diminuição dos níveis de estrogénio, e os fatores de risco clássicos mencionados anteriormente tornam-se mais comuns. Dá-se um aumento da pressão arterial, aumenta a resistência à insulina e maior risco de desenvolver diabetes mellitus, aumenta a gordura abdominal e ocorrem alterações nos níveis dos lípidos que favorecem o aparecimento de doença cardiovascular.

Portanto, a menopausa representa um momento crítico na vida de uma mulher em relação à saúde cardiovascular, e é importante consciencializar as mulheres desses riscos para que adotem medidas para manter um estilo de vida saudável e vigiem a sua saúde cardiovascular de perto durante essa fase.

De que forma acontece o tratamento?
Esta questão é crucial, pois entender o tratamento mais adequado capacita-nos a agir imediatamente e da forma correta diante dos primeiros sintomas de enfarte agudo do miocárdio. O tratamento consiste na desobstrução da artéria entupida no coração, e isso é possível através de um cateterismo que é feito em alguns hospitais espalhados por Portugal continental e ilhas, mas não em todos. A forma mais rápida e segura de chegar a esses hospitais e de acionar a equipa capaz de fazer este cateterismo é através do contacto do 112.

Lançaram a Campanha Cada Segundo Conta: qual é o seu principal objetivo?
O principal objetivo é promover o conhecimento e a compreensão sobre o enfarte agudo do miocárdio e os seus sintomas. Por outras palavras, pretendemos explicar às pessoas a forma de apresentação do enfarte para que possam reconhecer os seus sintomas e procurar auxílio logo após o início do quadro. Para além disso, alertar para a importância de pedir ajuda de forma correta através do contacto com o 112, em vez de recorrer por meios próprios ao centro de saúde ou a um serviço de urgência hospitalar. O lema “Cada segundo Conta” prende-se com o fato de que quanto mais rápido conseguirmos desobstruir a artéria entupida menos cicatriz deixamos no músculo cardíaco e com isso, maior probabilidade de sobreviver e de ter qualidade de vida após sofrer um enfarte. Com isto pretendemos contribuir para a redução do risco de mortalidade e de complicações associada ao enfarte.

Porque sentiram necessidade de avançar com esta campanha?
A percentagem de doentes que contactam o 112 após o início dos sintomas ainda é inferior a 50%. Além disso, ainda existem atrasos consideráveis na procura de ajuda médica, mais frequente em doentes idosos e quando os sintomas surgem durante a noite. É importante realçar que as equipas habilitadas a fazer cateterismo para tratar o enfarte estão aptas a fazê-lo a qualquer hora do dia e em qualquer dia da semana (24 horas por dia/7 dias por semana).

Que balanço fazem dela?
Este tipo de campanha é sempre muito útil, mas precisa de ser reforçada no tempo para resultados continuados.

Onde podem as mulheres (e outros) obter mais informações sobre o tema?
É possível seguir a campanha “Cada Segundo Conta“ através do site www.cadasegundoconta.pt e da página de Facebook; e através do site da APIC (www.apic.pt), bem como nas páginas de Facebook e Instagram.

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