No seguimento das palavras do Primeiro Ministro e da intenção deste novo Governo de aumentar o investimento na Saúde, o MOVA – Movimento Doentes pela Vacinação considera fundamental que, à semelhança do que já acontece com a vacina da gripe, se torne também gratuita a vacina contra a pneumonia para pessoas com mais de 65 anos.
21% dos portugueses têm 65 ou mais anos. Um milhão dessas pessoas já passou os 75 anos. Portugal é o quinto país mais envelhecido do Mundo, com uma esperança de vida de 81,3 anos. No nosso País, a esperança de vida saudável (indicador que prevê quantos anos pode, em média, uma pessoa esperar viver com saúde depois dos 65 anos) é de 5,4 anos nas mulheres, e 7 nos homens. Isto significa que, a partir dos 70 anos se viverá muito, mas com pouca qualidade.
Vivemos cada vez mais, mas queremos viver melhor. A prevenção de doenças potencialmente fatais como a Pneumonia é fundamental para um envelhecimento saudável, com qualidade de vida.
Numa altura em que a Comissão Técnica de Vacinas pondera a introdução de vacinas pediátricas no Programa Nacional de Vacinação, e que o Governo já manifestou intenção de reforçar o investimento na Saúde de crianças e idosos, profissionais de saúde e doentes pedem que se considere, também, a entrada da vacina antipneumocócica conjugada na idade adulta.
As crianças já têm a gratuitidade da vacina antipneumocócica conjugada 13 valente desde 2015. Pela eficácia comprovada em todas as faixas etárias, e enorme potencial na redução das formas mais graves da doença, o MOVA considera que as pessoas com mais de 65 anos também devem ser vacinadas sem custos.
Segundo um estudo recente que avaliou a eficácia da vacina antipneumocócica conjugada 13 valente na população adulta, o simples ato de imunização pode reduzir o risco de hospitalização por Pneumonia em 73%. Sem dúvida, excelentes notícias num País onde em média, por semana, morrem 161 pessoas, vítimas da doença, e se gastam mais de 1.5 milhões de euros, só em tratamentos e internamentos. Ficam por contabilizar os custos indiretos e intangíveis.
«Qualquer investimento que façamos em prevenção é preferível aos custos da cura, até porque, no caso da Pneumonia, corremos riscos de mortes, morbilidades e sequelas graves», explica Isabel Saraiva, fundadora do MOVA, vice-Presidente da Respira e Presidente da Fundação Europeia do Pulmão. «Ao vacinarmos pessoas com mais de 65 anos, estamos a investir na sua saúde, a prevenir eventuais internamentos e, no limite, a reduzir significativamente o número de mortes».
Existe, desde junho de 2015, uma Norma da Direção Geral da Saúde (DGS), que recomenda a vacinação antipneumocócica a todos os adultos (pessoas com mais de 18 anos) pertencentes aos grupos de risco, nomeadamente idosos, diabéticos, doentes oncológicos, pessoas com asma, DPOC ou doença cardíaca crónica.
«A vacinação deve ser uma preocupação de todos, e deve estar presente em todas as fases das nossas vidas, sobretudo naquelas em que estamos mais fragilizados – casos de doença ou de envelhecimento do nosso organismo. A implementação da gratuitidade da vacina antipneumocócica conjugada a partir dos 65 anos fará toda a diferença e está associada a ganhos quantitativos e qualitativos», conclui Isabel Saraiva.
Movimento de cidadania, o MOVA foi fundado há pouco mais de dois anos pela Respira, com o apoio da Fundação Portuguesa do Pulmão e do GRESP. Seguiu-se a entrada da Liga Portuguesa Contra a Sida, da Associação Portuguesa de Asmáticos, da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais e da FPAD – Federação Portuguesa de Associações de Pessoas com Diabetes, a quem agora se junta a Liga Portuguesa Contra o Cancro, a Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca e Associação Portuguesa dos Enfermeiros de Reabilitação.