Seja o simples plantar de um vaso ou o cuidar de um pequeno jardim, a verdade é que existem inúmeras evidências que apontam para os benefícios desta atividade.
Os resultados de um meta-estudo publicado em 2016 permitiram compreender a forma como este hobbie pode gerar um conjunto de efeito positivos, desde um aumento do nível de satisfação, bem-estar e energia, até à diminuição do stress, raiva e fatiga.
Sobretudo após um qualquer trauma ou evento negativo mais desafiante, esta poderá ser um tipo de atividade altamente recomendado. Conheça algumas das razões que, de acordo com os especialistas do portal Psychology Today, explicam essa situação.
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Uma atividade suave que promove a compaixão
Quando enfrentamos um momento traumático, seja a perda de um ente querido, um caso de agressão ou outro tipo de evento devastador, é natural sentir um profundo sentido de impotência e desespero. Ficamos mais fragilizados e receosos das nossas próprias capacidades.
A jardinagem é uma atividade que não exige uma tremenda aptidão. Não é algo arriscado ou desafiante. É apenas algo simples e prazeroso que acrescenta algum propósito à nossa vida. As plantas podem ser uma excelente companhia. Oferecem-nos a evidência de que existe sempre algo mais positivo a florescer.
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Uma ideia mais adequada de tempo
A pandemia tem sido um evento devastador que nos “roubou” tempo preciso e que destruiu muitas das nossas rotinas mais habituais. Todos temos tido dificuldade a ajustar-nos a passagem do tempo neste novo contexto. Muitas pessoas continuam após meses a ter dificuldade em estruturar a passagem dos dias, semanas e meses.
Já a natureza segue apenas o seu ritmo. Completamente indiferente aos acontecimentos. Independentemente do que possa acontecer, as flores vão sempre florescer numa determinada altura do ano. O período de crescimento permanece inalterado. Cabe-nos apenas aceitar esse facto e acompanhar o ritmo da natureza.
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Sensações e estímulos positivos
Quando enfrentamos algo mais traumático o nosso organismo aciona mecanismos de sobrevivência. Preparamo-nos para lidar com a dor e com o perigo. Infelizmente esta maneira de estar acaba muitas vezes por persistir mesmo depois do trauma passar. Certas memórias e sensações continuam a conseguir colocar-nos frequentemente nesse estado de alerta.
Quando passamos tempo num jardim somos forçados a ter contacto com outro tipo de sensações. Os nossos sentidos são fortemente estimulados. As fragrâncias, as cores, imagens e texturas representam oportunidades de contactar com novas sensações mais positivas que permitam “combater” os impulsos mais negativos que ainda possamos sentir.
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Estado meditativo
Um dos elementos mais marcantes de qualquer experiência traumática é um sentido de enorme isolamento e desapego, que acaba por dificultar todo o processo de recuperação. Um trauma é capaz de danificar a conexão que estabelecemos inclusive connosco próprios.
A jardinagem é uma excelente oportunidade de encontramos e restabelecermos esta ligação. Ao cuidarmos das plantas entramos num quase estado meditativo no qual estamos absolutamente focados no momento presente. Temos uma oportunidade rara de experienciar o prazer de uma qualquer atividade sem nos preocuparmos com outras questões. Perdemos a noção do tempo e acabamos por nos sentir mais próximos da natureza e do mundo que habitamos.
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Transformação espiritual
A espiritualidade pode ser um elemento importante para o processo de recuperação. Um trauma pode ser capaz de nos fazer questionar muitas das coisas em que acreditamos. Somos “assaltados” por dúvidas e por uma falta de esperança. Muitos questionam a sua própria religião.
Ora a natureza permite-nos estabelecer contacto com um outro tipo de espiritualidade. A verdade é que o simples facto de passarmos tempo no exterior junto das plantas pode ser algo transformativo para a nossa mente e alma. É uma atividade que nos acalma e que nos ajuda a renovar esperança.