Sendo assim, é possível determinar qual a língua “mais rápida” do mundo? A resposta envolve muitos fatores: sílabas ou palavras faladas num determinado período; quantidade de informações transmitidas; até mesmo a linguagem com o menor número de palavras ou sílabas para transmitir uma informação.
Mas também aqui a doutrina diverge.
Numa entrevista ao site Atlas Obscura, o linguista quantitativo François Pellegrino revelou o seu trabalho de medir diferenças entre as línguas e procura explicações por trás delas. Ao longo da sua carreira, trabalhou algumas vezes com a velocidade da linguagem, inclusive num estudo que comparou 17 idiomas diferentes numa variedade de métricas.
Para Pellegrino, o mais importante nessa pesquisa foi olhar para sílabas em vez de sons individuais ou palavras. «Temos uma maneira de medir sílabas, que é observar a rapidez com que são produzidas e que tipo de informação transmitem. Mas também podemos basicamente pedir às pessoas que ouçam idiomas desconhecidos e perguntar se parecem rápidos ou não. Ficamos com os aspetos percetivos, os aspetos articulatórios e de produção», revela.
Com essa metodologia em mente, avaliou duas métricas: pronúncia “canónica”, que avalia o número total de sílabas por unidade de tempo; e a densidade de informação, que é a rapidez com que um ouvinte pode reduzir a sua incerteza sobre a mensagem que está a receber.
Os especialistas descobriram que existe uma correlação inversa entre quantas sílabas se podem comprimir num segundo e quanta informação pode ser direcionada no mesmo período. É citado como exemplo, o japonês, que possui um número extremamente elevado de sílabas faladas por segundo, mas que carrega poucas informações concretas nelas. Isso quer dizer que é um idioma vocalizado a “alta velocidade”, mas que demora para ter a sua mensagem compreendida.
O japonês poderia ser mais rápido que uma língua como o inglês — cerca de 12 sílabas por segundo —, mas se este consegue transmitir a mesma informação com mais eficácia, isso realmente faria o japonês ser “mais rápido”?
O conceito de quanta informação pode ser divulgada numa determinada sílaba também é bastante confuso, porque determinar o que é ou não essencial é quase impossível.