A investigadora Sónia Gonçalves Pereira, do Centro de Inovação em Tecnologias e Cuidados de Saúde, foi galardoada com o Beyond Celiac Foundation Established Investigator Award 2022, para desenvolver o projeto ‘CeliAct(TIV) – Translocação, Inflamação e Virulência: dissecando os mecanismos da interação glúten-microbiota na doença celíaca’, avança a Lusa.
A investigadora do Politécnico de Leiria Sónia Gonçalves Pereira recebeu um prémio, de 300 mil euros, para estudar, nos próximos três anos, os mecanismos da doença celíaca, anunciou hoje aquela instituição de ensino superior.
Numa nota de imprensa, o Politécnico informou que a investigadora do Centro de Inovação em Tecnologias e Cuidados de Saúde foi galardoada com o Beyond Celiac Foundation Established Investigator Award 2022, para desenvolver o projeto ‘CeliAct(TIV) – Translocação, Inflamação e Virulência: dissecando os mecanismos da interação glúten-microbiota na doença celíaca’.
Segundo a mesma nota, a equipa do projeto ‘CeliAct(TIV)’ quer aumentar o conhecimento sobre a contribuição da microbiota humana no desencadear e na evolução da doença celíaca, concentrando-se nos mecanismos de interação glúten-microbiota-imunidade.
“Além de procurar as assinaturas específicas da microbiota na doença celíaca, a equipa pretende saber mais sobre o impacto que as bactérias e a sua virulência podem ter na digestão do glúten e consequente translocação e inflamação intestinal”, esclareceu o Politécnico de Leiria.
O projeto tem a colaboração de Katri Lindfors, do Centro de Investigação da Doença Celíaca da Universidade Tampere (Finlândia), e de Daniela Cipreste Vaz, como coinvestigadora principal.
A estudante de doutoramento Ana Roque, também do Centro de Inovação em Tecnologias e Cuidados de Saúde, integra igualmente a equipa de investigação, “focando o seu trabalho na microbiota sanguínea da doença celíaca, suas assinaturas de virulência, e participação na permeabilidade intestinal utilizando modelos organoides, com o apoio do laboratório do professor gastroenterologista Alessio Fasano, na Harvard Medical School e Massachusetts General Hospital”.
De acordo com a nota de imprensa, “a doença celíaca é a doença autoimune mais prevalente em todo o mundo e a única em que se conhece a trilogia patológica do agente causal (glúten, presente no trigo, centeio, cevada e algumas variantes de aveia)”, autoanticorpos e genes.
“Apesar de 40% da população mundial ter estes genes, só 3% dos seus portadores desenvolvem a doença, podendo viver durante anos a comer glúten sem sintomas e iniciá-los de repente, num caminho sem retorno”, referiu o Politécnico, acrescentando que “estas evidências sugerem que outros fatores podem participar no desencadear e perpetuar da doença, em que a microbiota humana”, conjunto de microrganismos presentes no organismo, “se apresenta como um forte candidato, o que configura a base do projeto premiado”.
A equipa deste projeto vai “olhar para diferentes aspetos da microbiota, com foco para a sua diversidade e virulência e criar pontes com outras áreas de estudo da doença celíaca, no que diz respeito aos processos de translocação molecular e bacteriana através do epitélio intestinal, mecanismo associado ao desencadear da resposta autoimune, e ainda aos processos de inflamação intestinal, característicos também da doença, procurando dissecar como é que a componente bacteriana participa neles”, acrescentou.
A Fundação Beyond Celiac é uma organização não-governamental norte-americana criada em 2003, que financia a investigação da doença celíaca em todo o mundo.