O mote do Mês de Sensibilização de Cibersegurança deste ano apela à proteção dos nossos mundos, à ação e à iniciativa de todos os utilizadores para garantirem a sua própria segurança, uma vez que se encontram cada vez mais expostos às ameaças do mundo digital. A segurança não passa apenas pela aplicação de medidas preventivas, mas também pela consciencialização do perigo que cada ameaça representa.
Neste âmbito, a Kaspersky identificou três ameaças principais que foram exacerbadas pelos avanços da tecnologia:
1. Abuso de imagens íntimas: quando as imagens privadas se tornam públicas Um inquérito realizado em maio a 9.033 pessoas, provenientes de todo o mundo, revelou que um quarto (25%) dos inquiridos partilharam imagens com pessoas que conheceram online, com o número a subir para 39% na faixa etária entre os 25-34 anos. Os homens são particularmente propensos: 20% inquiridos do sexo masculino admitiram que já enviaram imagens explícitas a pessoas que nunca conheceram na vida real. Esta forma de confiança digital é facilmente explorada, conduzindo ao abuso de imagens íntimas, frequentemente designado de “pornografia de vingança”. Entre as gerações mais jovens, 69% dos inquiridos, entre os 16 e os 24 anos, relatam experiências deste tipo de abuso online. A partilha de imagens íntimas revelou-se ser um problema social crítico.
2. Stalkerware: quando a tecnologia legítima é utilizada de forma abusiva O stalkerware, disfarçado de aplicações e ferramentas legítimas, tornou-se uma preocupação crescente, com os dados da Kaspersky a mostrarem um aumento de 5,8% nos casos de 2022 a 2023, afetando mais de 31.000 indivíduos em todo o mundo. Na Europa, a Alemanha, a França e o Reino Unido são os três países mais afetados em 2023. Portugal integra, pela primeira vez, a lista dos 10 dos países mais afetados, ficando em 10º lugar e substituindo a Grécia. No entanto, o Stalkerware é apenas um aspeto de um padrão de abuso mais alargado. No atual mundo altamente conectado, os cibercriminosos podem tirar partido das redes sociais, dos dispositivos domésticos inteligentes e da localização por GPS para monitorizar as suas vítimas sem necessidade de instalar stalkerware.
3. Deepfakes: quando as falsificações se tornam muito próximas da realidade A tecnologia deepfake, que permite a criação de imagens, vídeos ou gravações de áudio falsas e bastante realistas, geradas pela Inteligência Artificial, está a emergir como uma ferramenta perigosa nas relações pessoais. A tecnologia desenvolveu-se rapidamente nos últimos cinco anos, com várias ferramentas de código aberto disponíveis online, totalmente gratuitas, permitindo a qualquer pessoa com conhecimentos básicos de programação criar deepfakes. Consequentemente, as deepfakes estão preparadas para se tornarem uma das ferramentas mais perigosas do futuro, com um potencial crescente de criação de conteúdos falsos comprometedores que podem ser utilizados para chantagem e coação nas relações.