A Oficina do Livro edita na próxima terça-feira, 23 de maio, “Mulheres na Guerra”, da jornalista Helena Ferro Gouveia. Com posfácio de Ana Gomes, o livro faz a biografia de 18 mulheres divididas entre guerreiras, rainhas, jornalistas e espias.
A primeira de que há registo data de 1200 a. C., era uma marechal chinesa e chamava-se Fu Hao, mas há espias ao serviço de sua majestdade (Gertrude Bell), jornalistas como Martha Gellhorn que desembarcou com as tropas aliadas na Normandia na II Guerra Mundial ou rainhas como a bailarina Olesia Vorontnyk. Ou a Birdie de Azovstal, sem cuja heróica resistência Mariupol nunca voltará a ouvir o rouxinol…
Mas também Antónia Rodrigues, conhecida como Antónia de Aveiro, “o terror dos mouros”, ou Maria Florinda da Luz, camponesa analfabeta de Nisa… e Maria Quitéria, brasileira que se disfarçou de homem e se alistou no exército para lutar contra as tropas portuguesas na Guerra da Independência do Brasil – estas são apenas algumas das muitas mulheres que se destacaram como combatentes, parte das quais tão bem retratadas nestas páginas.
“A guerra é, também, ‘um assunto demasiado grave para ser deixado apenas aos homens’”, conclui Ana Gomes, no posfácio de uma obra que Helena Ferro Gouveia escreveu porque “seja qual for a época e o conflito, quando os combates terminaram, o contributo feminino é frequentemente desvalorizado ou mesmo apagado da memória. Há muitas histórias de mulheres na guerra para contar. Este livro honra essas lutadoras tantas vezes esquecidas porque já se escreveram numerosos livros sobre a guerra, sobre táticas e operações militares, sobre o combate e os combatentes – obras escritas por homens e acerca de homens. A verdade, porém, é que as mulheres combateram em mais épocas e mais civilizações do que é geralmente reconhecido.”
Helena Ferro de Gouveia trabalhou em mais de 50 países em quatro continentes. Viveu duas décadas na Alemanha, onde foi gestora de projetos internacionais de cooperação e desenvolvimento, assim como consultora. Nessa qualidade, ajudou a desenvolver a Rede Notícias da Amazónia, no Brasil, a Cepra, rede de rádios dos povos indígenas da Bolívia, e diversas rádios locais em Chittagong e Dakha, no Bangladesh. Foi docente de jornalismo na Argentina, Bolívia, Brasil, Moçambique, Timor, Guiné‑Bissau, Gana, Uganda, Sudão do Sul, entre outros países. Foi também docente no campo de refugiados de Kakuma, no Quénia. É licenciada em Comunicação Social, pós-graduada em Direito da Comunicação e mestre em Liderança. Foi jornalista do Públicodurante mais de uma década, tendo sido correspondente na Alemanha, e da Deutsche Welle. Como pivô e repórter, tem uma vasta experiência em cenários de crise e guerra.