A morte é algo inevitável. Infelizmente isto é algo que já todos sabemos e que continua a ser uma fonte de angústia para muitos de nós. Nem sempre é fácil viver de forma tranquila e relaxada quando sabemos que tudo pode acabar a qualquer momento.
Pensamos nas coisas que ficam por dizer, nos projetos inacabados e no futuro que jamais iremos conhecer. Sobretudo a partir de uma certa idade o desafio de lidar com a nossa própria mortalidade parece tornar-se mais complexo e constante.
[Leia também: À beira da morte. Estes são os maiores arrependimentos no fim da vida]
Evitar estas questões e estes pensamentos parece ser a estratégia de muitos. No entanto para o professor e especialista Shahram Hesmat da Universidade de Illinois este tipo de instinto nem sempre é o mais adequado para reduzir a nossa angústia e ansiedade associada ao tema.
Segundo o especialista, para melhor lidar com a nossa própria mortalidade é necessário refletir de uma forma ativa sobre o problema e criar uma espécie de rede de suporte mental e emocional que nos ajude a lidar com os momentos de maior ansiedade provocados pela ideia da nossa morte.
Eis 5 estratégias recomendadas pelo Dr. Hesmat que podem ajudar a lidar com este sentimento..
- Crie significado
Possuir a sensação de que a sua vida tem significado permite que as pessoas vivam sem estar constantemente a recear a sua mortalidade. Quando fazemos algo importante e gratificante não temos tempo para pensar na morte. É assim fundamental que entenda os seus próprios valores morais e viva de acordo com os mesmos. Encontre fontes de significado no seu trabalho, nas suas relações ou religião como forma de diminuir a sua ansiedade.
- Uma mudança de prioridades
A morte pode inspirar-nos a ser mais criativos. Sempre que temos um prazo mais apertado tendemos a ser capazes de concretizar mais. A escassez contribui assim inevitavelmente para uma vida mais interessante e significativa. Se fossemos imortais podíamos sempre adiar todas as nossas ações, não interessava se fazíamos algo hoje ou não. A necessidade de priorizar e fazer escolhas enriquece a nossa eficácia.
- Invista o seu tempo nos mais novos
“Generativity” é um termo pensado pelo psicólogo Erik Erikson que procura descrever a motivação de um adulto para dedicar o seu tempo a melhorar o bem-estar das gerações mais novas. Seja através de ensinamentos, mentoria, voluntariado ou outro tipo de contribuições criativas, a verdade é que esta generosidade pode revelar-se uma forma simbólica de imortalidade. O desejo de deixar um legado positivo transforma o terror associado à nossa morte em algo mais gratificante e substancial.
- Aceitação
Temos uma visão bastante rígida do que significa a morte. Habitualmente acreditamos que ela representa algo que nos separa do mundo e dos objetos físicos que marcam a nossa existência. O budismo ensina-nos que sofremos exatamente porque nos tentamos agarrar a coisas “fixas” num mundo em contante mudança. A forma de interromper o sofrimento é deixar de nos centramos tanto em “coisas” e em posses materiais. Apenas desta forma deixamos de ter medo de morrer, pois nessa altura deixamos de ter coisas para perder.
- Terapia da exposição
A forma mais potente de lidar com o medo de morrer é procurar encará-lo “face-a-face” e não fugir dele. A exposição a situações que nos assustam e preocupam é um dos tratamentos mais eficazes para reduzir a nossa ansiedade. Ler sobre o tema, ver os obituários, escrever um testamento ou um texto sobre o tema, tudo isto são exercícios que podem ajudar a ganhar uma maior exposição ao assunto. Como deseja ser lembrado quando partir?
- Uma abordagem cognitiva e comportamental
As nossas vidas emocionais são sempre determinadas pelos nossos valores e ideais. A realidade observada é sempre influenciada pelas nossas perspetivas, pelo que é possível desenvolver uma forma de interpretar o tema da morte que nos liberte das emoções mais negativas. Aqui o fundamental passa pela capacidade de nos concentramos apenas nas coisas que podemos controlar. Saber que fizemos o melhor possível dadas as nossas circunstâncias é o suficiente para sentirmos um importante alívio, permitindo-nos melhor aceitar tudo aquilo que possa ainda vir a acontecer e que escape ao nosso controlo.
[Leia também: Evita falar na morte? Estudo desvenda porquê]