O diagnóstico precoce é, a par destes, um importante aliado na preservação da qualidade de vida – a deteção atempada de uma arritmia pode prevenir complicações graves e potencialmente fatais como AVCs, insuficiência cardíaca, demência vascular ou depressão, e evitar consequências irreversíveis, como é o caso da morte súbita.
Por Maria Inês Simões, médica de Medicina Interna
A Fibrilhação Auricular é a arritmia cardíaca mais comum em todo o mundo. Estima-se que seja a responsável por 20 a 30% dos acidentes vasculares cerebrais isquémicos. Os números falam por si: em Portugal, a partir dos 50 anos, a prevalência da Fibrilhação Auricular ronda os 2.5%. 10 anos mais tarde, 10% da população já terá desenvolvido esta arritmia. É, por isso, recomendado, que a partir dessa idade se façam rastreios. Um eletrocardiograma ou um Holter poderão ser uma solução pontual, e deverão ser discutidos com o médico assistente, mas no seu quotidiano, qualquer um poderá ser capaz de fazer uma autoavaliação do ritmo cardíaco no punho – um gesto simples e de fácil execução que permite detetar uma eventual descoordenação desse ritmo.
Apesar de muito prevalente, a maioria dos casos de Fibrilhação Auricular é detetada demasiado tarde, – por exemplo depois do primeiro evento cerebrovascular – e de deixar sequelas graves ou permanentes. Assumir o seu controlo é a chave para que, mesmo vivendo com uma patologia como a Fibrilhação Auricular se possa manter uma boa qualidade de vida.
A partir dos 50 anos, e sobretudo depois dos 65, devemos ter atenção a sinais como palpitações, pulsação rápida ou irregular. O aparecimento de tonturas, sensação de desmaio ou estado confusional, dificuldade em respirar, cansaço ou sensação de aperto no peito, também podem significar a existência desta arritmia.
Paralelamente, devemos fazer uma avaliação regular do ritmo cardíaco e controlar parâmetros como o peso, a tensão arterial ou o nível de colesterol. Devemos ter, também, particular atenção a co-morbilidades que potenciam o aparecimento de arritmias, como é o caso da Diabetes, da Hipertensão Arterial, da Doença Renal, da Apneia do Sono ou da Obesidade.
Mas nem tudo são más notícias. A Fibrilhação Auricular pode ser controlada através da alteração de hábitos de vida e os seus efeitos secundários principais através de terapêutica anticoagulante. Tal como na maior parte dos países europeus, em Portugal, na maioria dos casos recomendam-se os Novos Anticoagulantes Orais, também conhecidos por NOAC. O cumprimento da terapêutica é fundamental. Por isso, qualquer alteração deverá ser validada pelo seu médico – em caso de dúvida, fale com ele. Juntos, chegarão à solução que melhor se adequa ao seu caso.
Como controlar o ritmo cardíaco?
- Auto-avaliação através da avaliação do pulso
- Redução ou eliminação de fatores e comportamentos de risco
- Atenção aos sinais – palpitações e pulsação rápida e irregular
- Cumprimento dos conselhos médicos e da medicação recomendada
- Controlo de co-morbilidades
- Praticar exercício físico regularmente