A espécie foi batizada com o nome ‘Qunkasaura pintiquiniestra’ e o trabalho, publicado na revista científica Communication Biology, resulta da análise de um dos fósseis, entre milhares, recolhidos durante as obras da linha ferroviária de alta velocidade Madrid-Levante e que hoje formam “uma das coleções de vertebrados fósseis mais relevantes do Cretáceo Superior da Europa”, proveniente da jazida de Lo Hueco, em Cuenca.
Segundo Pedro Mocho, paleontólogo do Instituto Dom Luiz da FCUL, a nova espécie identificada pertence a um grupo de dinossauros saurópodes que sugere que esta linhagem de médio-grande porte “chegou à Península Ibérica muito mais tarde do que outros grupos de dinossauros”.
Os dinossauros saurópodes, um dos grupos de dinossauros, caracterizavam-se pela sua grande corpulência e pescoço muito comprido que terminava numa cabeça pequena.
Em comunicado, a FCUL destaca que ‘Qunkasaura pintiquiniestra’ é um dos fósseis de saurópode “mais completos encontrados na Europa”, ao incluir vértebras cervicais, dorsais e caudais, parte da cintura pélvica e elementos dos membros.
O nome ‘Qunkasaura pintiquiniestra’ resulta de várias referências geográficas e culturais próximas da jazida de Lo Hueco: ‘Qunka’ refere-se à etimologia mais antiga do topónimo da área de Cuenca e Fuentes, ‘Saura’ corresponde ao feminino do latim ‘saurus’ (lagarto) e homenageia o pintor espanhol Antonio Saura, que morreu em Cuenca em 1998, e ‘pintiquiniestra’ alude à “Rainha Pintiquiniestra”, personagem de um romance citado em “Dom Quixote de la Mancha”, de Miguel Cervantes.
Uma parte do esqueleto do dinossauro está exposta no Museu de Paleontologia de Castilla-La Mancha, em Cuenca.