Partilhar

Poderá a alimentação ajudar a que sejamos mais felizes?

O que lhe parece?

7 Outubro 2022
Sandra M. Pinto

Alguém disse que o Homem é o único animal que come, todos os outros apenas se alimentam. É um facto que para além do papel funcional (fornecer nutrientes), a nossa alimentação desempenha também importantes funções emocionais e sociais.

Por Rodrigo Abreu, nutricionista

Comemos sem fome ou necessidade, apenas pelo prazer de saborear determinado alimento ou pela oportunidade de convívio à mesa. Pelo contrário, somos também capazes de renunciar a comer por não gostarmos do sabor de determinado alimento (mesmo que nos faça falta ou tenhamos fome) ou por não termos companhia para comer – quem nunca saltou uma refeição para não comer sozinho?
Foi precisamente esta constatação da importância da alimentação, nas suas vertentes nutricional, emocional e social, que levou à criação do Dia Mundial da Alimentação em 1981, sendo o dia 16 de outubro desse ano a data da fundação da FAO. A relevância da alimentação expressa-se
também na referência a que tem direito no artigo 25º da Declaração Universal dos Direitos Humanos. No entanto, foi apenas em 2013 que se celebrou pela primeira vez o Dia Internacional da Felicidade, a 20 de março. Não deixa de ser curioso notar esta distância na celebração de
conceitos tão relacionados e que, cada vez mais, são indicadores da qualidade de vida das populações.

De facto, a alimentação é cada vez mais um indicador do estado civilizacional de uma Sociedade, sendo crescentes as iniciativas com vista ao acesso das populações a alimentos seguros e saudáveis. Mas serão as dimensões sociais e emocionais devidamente contempladas nestes movimentos que visam a melhoria da nossa qualidade de vida? Ou estarão as mensagens orientadas para a saúde e bem-estar a desviar-nos da felicidade de comer?
No mundo ocidental moderno, as preocupações com a falta de alimentos ou com a sua segurança vão dando lugar a alertas para comermos de forma saudável, com vista à diminuição das doenças associadas ao estilo de vida. Governos e entidades de saúde dizem-nos que devemos comer menos sal, reduzir os açucares ou as gorduras, ter atenção às calorias… O ato de comer tornou-se alvo de escrutínio e sentimos a obrigação de escolher de acordo com padrões ditos saudáveis, mesmo se por vezes este é um conceito pouco claro.

Aos poucos, estamos a ser pressionados para avaliar e decidir o que comer, não em função do que gostamos, com quem estamos ou do que temos disponível, mas sim com vista à nossa saúde. Como noutras áreas da saúde pública, faz sentido refletir sobre o rumo que podem tomar estas
preocupações com as nossas escolhas alimentares. Se a saúde é um bem importante e o seu valor inquestionável para a maioria de nós, a verdade é que representa apenas uma dimensão da nossa felicidade. Ser saudável por si só não será o objetivo da maioria das pessoas. Pelo contrário, a maioria de nós ambiciona a felicidade, podendo esta manifestar-se ou ser vivida de várias formas.
E embora associemos ser saudável a sentirmo-nos bem, a verdade é que o esforço para nos mantermos saudáveis pode representar sofrimento e obrigar a escolhas que não nos trazem felicidade. Por outro lado, é possível ser feliz mesmo não gozando de boa saúde – ser amado ou ser capaz de atingir objetivos de realização pessoal são fatores de felicidade importantes para muitas pessoas, e não dependem necessariamente de sermos saudáveis.

Será aceitável que um tribunal possa ordenar a retirada de filhos à tutela dos pais porque estes os “tornaram obesos”? Devem os Governos taxar alimentos para nos obrigar a fazer escolhas “mais saudáveis”? E o que sentem as populações quando ouvem especialistas de saúde classificar alguns alimentos como “drogas” ou “venenos”? Tudo isto deve fazer-nos pensar no risco de estarmos a criar uma sociedade de pessoas saudavelmente infelizes…

Portugal, enquanto impulsionador da Dieta Mediterrânica, pode seguramente contribuir para esta reflexão sobre como conciliar as legítimas preocupações de saúde com a felicidade que deve estar inerente à nossa alimentação. A qualidade dos nossos ingredientes e a riqueza da nossa
gastronomia, o prazer que temos em juntar família e amigos à mesa, assim como as festas e tradições onde se saboreia a comida com tempo, podem fazer de nós um exemplo para o resto do mundo.

Basta que saibamos aproveitar o que temos de melhor para sermos mais felizes!

Mais Recentes

Obesidade: «Com este estudo queremos perceber como os portugueses encararam a doença e quem dela padece», Ana Rita Pedro, Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa

há 23 minutos

Sexo tântrico: saiba como pô-lo em prática e aproveitar todos os seus benefícios

há 13 horas

Acredite se quiser: estes são os (muitos) benefícios das sementes de abóbora para o organismo

há 16 horas

Descubra as diferenças: estas são as as características das mães de cada signo

há 16 horas

Protegem o corpo da degeneração celular: descubra o poder das ervas antienvelhecimento

há 17 horas

Se não dorme bem talvez não o esteja a fazer na posição correta: conheças as posições para dormir melhor

há 17 horas

Conheça a planta medicinal que combate o cansaço, alivia as dores e melhora o bem-estar geral

há 17 horas

Nem CrossFit nem natação: este é o exercício certo para prevenir a doença de Alzheimer, defende especialista

há 17 horas

Transmitida de geração em geração, esta antiga bebida indonésia (com mais de mil anos) tem múltiplos benefícios para a saúde

há 18 horas

As pessoas que parecem ter menos de 70 anos geralmente têm estes 7 hábitos diários

há 18 horas

Conheça o ‘fruto divino’ que pode salvar o seu coração e dê graças

há 19 horas

Depois de quase ter morrido devido a choque elétrico, Rui Veloso obrigado a dizer adeus às guitarras devido a novo problema de saúde

há 19 horas

Ao cuidado de pais e avós: acesso a urgências pediátricas vai obrigar a contacto prévio com SNS 24

há 19 horas

“Mel de ereção”: estimulante sexual alvo de apreensões na Europa

há 20 horas

93% dos portugueses acreditam que o jornalismo é relevante para combater as fake news

há 20 horas

Nem para as orelhas nem para tirar maquilhagem: conheça a função para a qual foram criados os cotonetes

há 21 horas

Surpreenda-se: este alimento é um dos mais prejudiciais para a saúde, e não pertence à categoria de “junk food”

há 22 horas

Estudo revela: «este é o país mais deprimido da Europa»

há 22 horas

Os astros avisam: a partir de hoje a riqueza em forma de euros chega para estes 3 signos 

há 22 horas

Ajudas de custo: quem tem direito, como calcular os valores e como são tratadas em sede de IRS

há 23 horas

Subscreva à Newsletter

Receba as mais recentes novidades e dicas, artigos que inspiram e entrevistas exclusivas diretamente no seu email.

A sua informação está protegida por nós. Leia a nossa política de privacidade.