Uma equipa liderada pela investigadora Ana Santos Almeida*, do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (CARE, iMM), acaba de ganhar uma bolsa da Biocodex Microbiota Foundation, no valor de 25 mil euros, para desenvolver o projeto AGEWISE, que vai estudar a complexa relação entre a menopausa, o microbioma intestinal e as hormonas sexuais femininas.
De acordo com a investigadora, “há estudos recentes que apontam para uma ligação entre a menopausa e a comunidade de milhares de milhões de microrganismos presentes no intestino e que desempenham um papel crucial na digestão, na função imunitária e no desenvolvimento cognitivo, contribuindo assim para a saúde em geral”. Além disso, sublinha, que o microbioma intestinal tem também uma função de destaque no processamento do estrogénio, o que afeta os níveis desta hormona no organismo da mulher, especialmente na menopausa. As escolhas de estilo de vida, incluindo a dieta, podem resultar numa mudança positiva do número e tipo de bactérias intestinais, potencialmente reduzindo o risco de doença nas mulheres pós-menopausa.
“O principal objetivo do AGEWISE é utilizar algoritmos de Inteligência Artificial para analisar dados biológicos e de estilo de vida, criando um perfil de risco personalizado para doenças relacionadas com a menopausa”, revela Ana Almeida. A investigadora lembra que “a menopausa é uma fase de grande importância na vida das mulheres, cuja diminuição dos níveis de estrogénio acarreta um risco acrescido de doenças crónicas, como as doenças cardíacas e o cancro”. Neste sentido, o que a equipa vai procurar, através da investigação, é melhorar a saúde das mulheres durante o envelhecimento, o que representa um passo crucial para descobertas inovadoras no apoio às mulheres durante a menopausa.
A investigação vencedora da 5.ª edição da Bolsa Nacional para Projetos de Investigação em Microbiota, atribuída pela Biocodex Microbiota Foundation, pretende revolucionar a deteção precoce e a gestão das doenças relacionadas com a menopausa através do desenvolvimento de ferramentas inovadoras de diagnóstico por Inteligência Artificial (IA) baseadas no microbioma intestinal.
*Ana Santos Almeida, PhD – Investigadora Principal no CARE – Instituto de Medicina Molecular
A Dra. Ana Santos Almeida é uma proeminente imunologista na área do cancro e do microbioma humano. A Dr. Almeida doutorou-se em Ciências da Saúde pelo Institut Pasteur, Paris, em 2012, e realizou o seu pós-doutoramento no Cold Spring Harbor Laboratory, Nova York, EUA. Em 2016, a Dra. Almeida juntou-se ao laboratório do Prof. Paul O’Toole na APC Microbiome Ireland, Cork, onde recebeu vários prémios, incluindo a prestigiada bolsa Marie Skłodowska-Curie. O seu trabalho pioneiro avançou substancialmente a compreensão do papel da microbiota intestinal humana no desenvolvimento de tumores de cólon. De 2021 a 2022, o Dr. Almeida liderou a equipa de I&D da Tiny Health, uma startup de AI focada no microbioma intestinal de bebés. Atualmente, a Dr. Almeida é Investigadora Principal do Laboratório Translacional de Microbioma em Saúde e Doenças do iMM-Care em Portugal. Recentemente, foi-lhe atribuído o Scientific Employment Stimulus pela National Science Foundation (FCT) e selecionada para liderar a missão iMM-CARE Colorectal Cancer Mission, no âmbito do esquema de financiamento Widening-Teaming for Excellence da Horizon Europe.
EQUIPA DE INVESTIGAÇÃO:
O Laboratório Translacional de Microbioma na Saúde e Doença é constituído por uma equipa interdisciplinar, dinâmica e altamente colaborativa de microbiologistas clínicos, biólogos computacionais, nutricionistas, e gastroenterologistas. O laboratório dedica-se a explorar o potencial do microbioma para revolucionar a área terapêutica do cancro colorretal. A nossa missão é desenvolver ferramentas inovadoras de diagnóstico e bioterapêuticas baseadas no microbioma para promover a saúde.
Este projeto conta ainda com a colaboração da Prof.ª Ana Teresa Freitas, IST/ INESC-ID, especialista em biologia computacional, genómica, e medicina preventiva.