Imagine viver numa ilha privada, rodeada por paisagens selvagens, praias de areia fina, um castelo em ruínas e a companhia de veados e golfinhos. Esse sonho pode agora tornar-se realidade: a ilha de Shuna, na costa oeste da Escócia, está à venda pela primeira vez em quase 80 anos, por 6,4 milhões de euros (5,5 milhões de libras). A venda está a cargo da imobiliária Knight Frank.
Com cerca de cinco quilómetros de comprimento por dois e meio de largura, Shuna tem mais de 400 hectares e acolhe oito habitações, uma das quais em ruínas — o antigo castelo. Não há estradas nem eletricidade da rede nacional, mas as casas são alimentadas por painéis solares, turbinas eólicas e geradores. A cobertura de telemóvel é aceitável, e a ligação à ilha faz-se por barco em apenas 10 minutos, a partir do continente.
A ilha pertence à mesma família desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A história da aquisição é digna de um filme: a avó do atual proprietário, a viscondessa Selby, terá perguntado numa imobiliária de Londres se tinham alguma ilha à venda. Tinham — e comprou-a. Desde então, a família Gully transformou Shuna numa propriedade agrícola, centro de turismo de natureza e local de memórias inesquecíveis.
“Era um lugar idílico para crescer, explorar e viver aventuras”, recorda Jim Gully, que passou ali a infância. Com o tempo, o pai de Gully instalou casas de férias e um negócio de caça. Hoje, sete dessas propriedades funcionam como alojamentos turísticos entre abril e outubro, com capacidade para 52 pessoas e preços semanais entre 675 e 1.300 libras. Cada casa tem o seu próprio barco, e há atividades como tiro com arco e… ajudar a recolher ovelhas.
Apesar do aspeto rústico, a ilha oferece condições ideais para quem procura uma vida mais simples, conectada com a natureza e longe do rebuliço urbano. É também um santuário de biodiversidade: veados, águias, focas e golfinhos fazem parte da paisagem quotidiana.
Shuna tem uma história milenar — com presença humana datada de há cerca de 9.000 anos — e chegou a pertencer ao famoso rei escocês Robert the Bruce, que a ofereceu ao clã Campbell em 1321. Mais tarde, passou para o clã Maclean. No final do século XIX foram descobertas espadas da Idade do Ferro numa das turfeiras da ilha.
O castelo atual, apesar do charme das ruínas, não é tão antigo quanto se pensa. Gully recorda-se de viver lá em criança, antes de o telhado plano — “não ideal para o clima escocês” — ceder nos anos 80.
Quanto ao futuro da ilha, Gully vê várias possibilidades: desde um projeto de ecoturismo de luxo até à criação de um retiro pessoal para quem procura escapar do mundo moderno. “Fizemos o que podíamos com a ilha. Agora esperamos que alguém invista, a transforme e lhe dê uma nova vida”, afirma.
Para os mais aventureiros — ou sonhadores —, Shuna poderá ser o início de uma nova história.