Em resposta aos acontecimentos no Médio Oriente, o petróleo está a ganhar cerca de 3,5% esta sessão, os metais preciosos estão a aumentar o seu preço em 0.8-1,5%. Os mercados bolsistas estão a negociar ligeiramente em baixa, embora não haja uma grande volatilidade. Também devemos lembrar-nos das fortes recuperações de sexta-feira, onde os índices acionistas fecharam com grandes ganhos. Em geral, esta reação deve ser avaliada como um movimento “de precaução por parte dos investidores”. Estas situações geopolíticas têm normalmente repercussões sérias a nível local, mas o seu impacto na economia e nos mercados globais é muitas vezes insignificante e, a menos que os mercados vejam uma ameaça séria, perdem muito rapidamente o interesse.
Que ameaça poderá ser essa?
Qualquer coisa que provoque uma subida acentuada dos preços do petróleo. É claro que estamos a falar de uma região onde temos importantes exportadores de “ouro negro”, pelo que essa ameaça não é irreal, embora, por enquanto, não haja qualquer indicação direta disso. A subida dos preços do petróleo já constituiu recentemente uma grande preocupação para os mercados, complicando o cenário de queda da inflação e de uma aterragem suave. As fortes descidas dos preços das matérias-primas na passada quarta e quinta-feira foram recebidas de forma muito positiva pelos mercados acionistas, uma vez que evitaram o risco de tal cenário. Por conseguinte, um regresso às subidas do petróleo em resultado de uma escalada do conflito seria talvez a ameaça potencial mais tangível.
O que poderá surgir a seguir?
As tensões entre Israel e os grupos terroristas como o Hamas e Hezbollah não é algo novo, estes conflitos têm acontecido nas últimas décadas. No entanto, o ataque por parte dos grupos terroristas desta sexta-feira a Israel traz algo novo na nossa ótica, pois permite a oportunidade para que Israel ataque com todas as forças estes grupos, podendo mesmo anexar a zona da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Isto faz-nos recordar a guerra em 1967, quando Israel anexou estas partes e outras numa guerra onde os grupos atacantes (Síria, Egito, Jordânia e Iraque, aliados por outros países) foram totalmente destruídos. Deste modo, estes ataques podem desencadear outros países que querem uma “Palestina livre” a declarar guerra a Israel, elevando assim esta guerra a um patamar muito superior, para isso basta imaginarmos que o Irão entra em conflito direto com Israel.
Caso este cenário se materialize, os mercados financeiros iriam reagir a este conflito. Mesmo que ambas as partes não sejam produtoras de petróleo, toda a zona geográfica é muito importante para a produção petrolífera a nível mundial. Portanto, uma escalada das tensões em toda a área poderia dificultar a exportação de petróleo, ou seja levantar novos problemas acerca da oferta no mercado para todo mundo elevando os preços dos combustíveis para os consumidores. Também não devemos descartar o preço da alimentação que normalmente tende a aumentar em períodos bélicos e claro, ativos de refúgio como metais preciosos, que serão nesta altura um bom método de cobertura de risco para este tipo de conflitos.
Por último, neste caso deveríamos estar preparados para mais quedas nos mercados acionistas já que o risco de conflito é negativo para a produção mundial e acima de tudo os aumentos drásticos nos preços do petróleo fariam aumentar a inflação e obrigariam os bancos centrais a aumentar a política de aperto monetário e também a mantê-la por mais tempo o que em último caso poderia levar a um período de recessão mais severo.