A empresa centenária norte-americana da área informática (IBM) tem uma equipa de investigadores a pesquisar sobre um dos maiores problemas da atualidade. O contínuo crescimento da população mundial e um acompanhamento contraproducente do ecossistema alimentar.
De acordo com a IBM, nos próximos cinco anos, a população da Terra pode ultrapassar a marca dos oito biliões pela primeira vez. Esses valores agregados ao facto da cadeia de fornecimento de alimentos estar “refém” das mudanças climáticas e de um suplemento finito de água merecem a atenção dos vários especialistas de diversas áreas de conhecimento.
Com efeito, para atender aos dilemas de um futuro que se prevê lotado, a IBM desafiou os seus investigadores a explorarem novas tecnologias, dispositivos, avanços científicos e formas inteiramente revolucionárias de pensar sobre segurança e confiança alimentar. Especialistas de todas as áreas procuram encontrar solução e a área da tecnologia não podia ser exceção.
Assim, a gigante do software empresarial tem cinco projetos – “5 in 5” – em curso, nos quais está a usar tecnologias como Blockchain, Cloud, Inteligência Artificial e IoT para as diferentes etapas da cadeia de abastecimento alimentar.
Os duplos digitais da agricultura ajudam a alimentar uma população crescente com menos recursos;
Criar um gémeo digital ou um “modelo virtual” das fazendas do mundo pode ajudar a agricultura a estar pronta para esse desafio. Pois, ao democratizar os dados agrícolas, os agricultores podem partilhar insights, pesquisas e materiais, e comunicar dados sobre terras cultiváveis e crescimento das plantações em todo o planeta.
Os envolvidos em todos os níveis da cadeia de fornecimento de alimentos, com um gémeo digital das fazendas e atividades agrícolas em todo o mundo, podem ter acesso a mais informações e recursos. Dai resulta uma economia agrícola mais equitativa. Logo: mais comida, a um custo menor.
Nas colheitas a tecnologia de Blockchain impede mais desperdícios;
Uma cadeia de fornecimento de alimentos habilitada pela tecnologia blockchain e aprimorada por dispositivos de IoT e pela computação artificial pode aproximar-nos do consumo de alimentos com desperdício zero. Os sensores da IoT podem ser usados para indagar o percurso de frutas, verduras ou qualquer outro produto alimentar. Os dados em tempo real aperfeiçoados pela IA também podem ajudar os vendedores a aprender mais sobre os padrões alimentares dos consumidores.
No futuro, pode ser possível assistir à produção no ponto de venda, pois tanto os agricultores quanto os fornecedores sabem exatamente quanto crescer e quanto pedir para atender aos gostos do seu público.
O mapeamento do microbioma pode proteger-nos de bactérias prejudiciais;
Os pesquisadores podem em breve ser capazes de traçar o perfil dos microbiomas em todos os lugares em que ocorre a produção ou a entrega de alimentos. Essas análises podem ser usadas para detetar anomalias no microbioma. Um teste de cultura tradicional pode levar dias a ser realizado e pode indicar apenas a existência de uma bactéria problemática.
A análise avançada de big data dos resultados de NGS deste alimento, no entanto, pode ser realizada numa fração do tempo e mapear todos os micróbios presentes nos alimentos. Essas descobertas podem revelar sinais precoces de que esse microbioma favorece o crescimento de bactérias nocivas. Assim, aumenta a compreensão dos pesquisadores sobre todo o universo microbiano.
O desenvolvimento de um banco de dados de microrganismos de classe mundial, no aproveitamento dos avanços da análise de big data da NGS em cada estágio da cadeia de provimento de alimentos, pode fazer com que a segurança alimentar medre.
Os sensores com IA podem detetar agentes patogénicos presentes nos alimentos;
Ao mesmo tempo, os investigadores estão a criar poderosos sensores portáteis com inteligência artificial que podem detetar agentes patogénicos transmitidos pelos alimentos. Esses testes móveis realizados a uma velocidade que reduz de dias para segundos o tempo de espera, podem permitir que as pessoas detetassem bactérias como a E. coli ou Salmonella, antes de ser criado um surto.
O acesso a esses dispositivos óticos podem ser realizado numa aplicação para smartphone, por exemplo, que utiliza o processador do telefone para se conectar aos sensores e detetar bactérias tão pequenas quanto um mícron – cerca de 75 vezes menor do que um único fio de cabelo humano.
Um processo de reciclagem radical pode dar nova vida ao plástico antigo.
Nos próximos anos, avanços tecnológicos podem tornar a reciclagem de plástico mais eficiente e versátil no tratamento de mais tipos de materiais. Ao contrário da reciclagem mecânica tradicional, a futura reciclagem de plásticos quebra os plásticos coloridos e transparentes, bem como os recipientes sujos e limpos, produzindo um produto final de alta qualidade que é totalmente reciclável.
Para as pessoas em casa, os futuros avanços na reciclagem significam que desaparece a necessidade de seleção, lavagem e separação de recipientes usados, invólucros ou plásticos.