Uma professora catedrática em Neurobiologia Molecular na Universidade de Manchester, em Inglaterra, sugere num artigo uma forte evidência do vírus do herpes ser uma causa para a doença de Alzheimer. Admite ainda a hipótese de medicamentos antivirais, eficazes e seguros, poderem tratar a doença. Segundo a investigadora, no futuro, poderão até surgir vacinas contra esta doença.
A ligação do herpes labial e da doença de Alzheimer
O vírus implicado na doença de Alzheimer, o herpes simplex tipo 1 (HSV1), é mais conhecido por causar herpes labial. Este vírus infeta a maioria das pessoas na infância. Depois permanece latente no sistema nervoso periférico e, eventualmente, em situações de grande stress, o vírus pode ser ativado e manifestar-se sob a forma de herpes labial.
Descobriu-se em 1991 que muitas pessoas tinham alojado no cérebro o HSV1. E em 1997 demonstrou-se que este é um fator de risco da doença de Alzheimer quando presente nas pessoas que têm um gene específico conhecido como APOE4. «A probabilidade de desenvolver a doença de Alzheimer é 12 vezes maior para os portadores de APOE4 que têm HSV1 no cérebro».
A maioria das pessoas está infetada com o vírus herpes simplex no momento em que atinge a velhice. O HSV1 «entra no cérebro das pessoas à medida que o seu sistema imunológico entra em declínio, motivado pela idade».
É presumível que em portadores de APOE4, a doença de Alzheimer se desenvolva no cérebro, devido à maior formação de produtos tóxicos induzida pelo vírus HSV1.
Novos tratamentos e até vacinação?
Os dados recolhidos neste artigo científico sugerem que agentes antivirais podem ser usados para tratar a doença de Alzheimer. Os principais agentes antivirais atuam no sentido de impedir a formação de novos vírus, o que irá limitar os danos virais.
É importante realçar que todos os estudos «mostram apenas uma associação entre o vírus do herpes e o Alzheimer. Eles não provam que o vírus é uma causa real». Só a vacinação ou medicação específica podem provar que determinado micróbio é a causa de uma doença.
A prevenção da doença de Alzheimer pelo uso de agentes específicos contra o herpes foi agora equacionada num estudo de larga escala no Taiwan, produzindo resultados positivos, o que deixa a comunidade científica expectante.