Uma vida sexual satisfatória é um prazer que transmite confiança e ajuda a autoestima. Este facto é independente da idade e da orientação sexual.
Por Armando de Medeiros, médico de família aposentado, autor do livro “Saber Envelhecer – Uma viagem pela saúde dos seniores” (LIDEL)
Dito isto, é importante referir que, com o avançar da idade, surgem alterações corporais que vão condicionar o desempenho e o prazer sexual.
Na mulher, a diminuição do nível de estrogénios, que ocorre com a menopausa, vai fazer com que a vagina fique mais seca e menos elástica, o que torna a penetração menos confortável. Estas alterações podem atenuar-se, por exemplo, aumentando o período de estimulação sexual e através do recurso a cremes lubrificantes, com ou sem estrogénios.
Por outro lado, no homem, as ereções começam a ser menos firmes e, nos casos mais avançados, pode surgir impotência. A parceira ou parceiro sexual tem um papel importante nos casos de impotência, nomeadamente tentado ajudar a relaxar e diminuir a ansiedade, que sempre está presente nestas situações.
O tema da sexualidade ainda é um pouco tabu, em especial para os seniores do sexo masculino, que tiveram a sua “formação” sexual muito centrada na virilidade e que não se sentem muito à vontade para falar quando surgem problemas de disfunção eréctil. Quando estes problemas ocorrem num casal heterossexual, são, muitas vezes, as parceiras que abordam este tema nas consultas.
As alterações que descrevi (de um modo muito superficial), podem ser agravadas, por exemplo, por doenças crónicas que possam existir, pelo abuso de bebidas alcoólicas e pela medicação, e não impedem que os casais continuem a ter prazer, desde que saibam adaptar a sua sexualidade às modificações físicas que vão ocorrendo. É altura dos beijos e das caricias assumirem um papel de maior protagonismo.
Estas modificações decorrentes do envelhecimento devem ser vividas de um modo natural por qualquer tipo de casal e requerem um diálogo franco entre os parceiros, que lhes permita adaptar as suas atitudes e expectativas de acordo com as possibilidades que o avançar da idade vá permitindo. Como escrevi no livro Saber Envelhecer – uma viagem pela saúde dos seniores, “o que não é desejável e causa instabilidade é criar-se uma situação em que um dos membros do casal
exige ao outro aquilo que ele não consegue proporcionar ou exige a si próprio desempenhos que já não está em condições de conseguir”.
Não devemos esquecer que os seniores que vivem sós, independentemente do seu sexo e identidade de género, também têm libido (com maior ou menor intensidade) e, alguns deles, podem procurar satisfazer as suas necessidades sexuais com um parceiro (ou parceira) mais ou menos esporádico. Nesta última situação, há dois conselhos que é importante dar: 1. Proteja-se contra doenças sexualmente transmissíveis; 2. Tenha cuidado com a sua conta bancária.