Partilhar

“Ouro sobre azul” para impressionar os sentidos dos visitantes

Falamos do Palácio Nacional da Pena

28 Janeiro 2023
Sandra M. Pinto

Ao fim de sete de anos de investigação, a equipa do Palácio Nacional da Pena conseguiu reconstituir a decoração original da Sala de Visitas e recuperar o ambiente idealizado pelo rei D. Fernando II, no século XIX. A pesquisa revelou que, na divisão mais protocolar do Palácio, onde eram recebidas as visitas, o monarca fez um forte investimento e optou por uma decoração luxuosa, elegante e sofisticada, que impressionasse quem ali era recebido. Entre pintura mural, mobiliário, bronze, porcelana e veludo, onde sobressaía o “ouro sobre azul”, tudo contribuía para o aparato. Apurou-se que a maioria das peças que compunham a sala no século XIX continuavam no Palácio. Com este projeto museográfico, retornam, agora, ao local onde foram colocadas por D. Fernando II. Regressam, igualmente, os têxteis em veludo azul, rigorosamente reconstituídos, com o objetivo de proporcionar aos visitantes atuais uma experiência semelhante à que teriam os visitantes do passado.

 

Para perceber como era a Sala de Visitas de D. Fernando II − o rei que mandou edificar o Palácio da Pena − foi necessário estudar os inventários históricos do monumento, o seu acervo e as faturas das aquisições do monarca para a decoração de interiores. A equipa de investigadores contou, ainda, com a descoberta de uma preciosa imagem estereoscópica captada por Carlos Relvas, que retrata esta divisão no início da década de 1870. Estas fontes revelaram que, para além da ornamentação das paredes e do teto com pintura mural em “trompe l’oeil” alusiva à arquitetura islâmica, que D. Fernando II encomendou a Paolo Pizzi, em 1854, também a decoração do espaço foi objeto de um cuidado especial por parte do rei.

 

Em termos de mobiliário, a escolha recaiu em peças de produção nacional dos séculos XVII e XVIII, em pau-santo, com tremidos e torneados, que D. Fernando II muito apreciava, como exemplificam a secretária, o contador e o bufete que preenchem a sala. Sobre eles, colocou objetos decorativos de alta qualidade, como o par de candeeiros franceses em bronze e porcelana azul e diversas peças de porcelana oriental da sua coleção. Completam o cenário os têxteis em materiais de luxo, como os veludos e as passamanarias de seda que envolvem o espaço e lhe conferem o pretendido caráter protocolar e de aparato. A reconstituição dos elementos têxteis foi, simultaneamente, o ponto de partida e o maior desafio deste projeto museográfico.

 

“Ouro sobre azul” para impressionar os sentidos

 

Com base numa fatura da casa Barbosa e Costa, descobriu-se que o veludo azulino foi o tecido encomendado por D. Fernando II para revestir os estofos, do canapé e das cadeiras, e para a armação do fogão de sala desta divisão. O tom de veludo azul (azulino) descrito nos documentos estudados está em plena harmonia com os candeeiros e a taça em porcelana azul montados em bronze que se encontravam na Sala de Visitas naquela época. Estas fontes revelam, também, que o tecido era aplicado nos estofos e armações com pregos dourados. Assim, foi possível reconstituir fielmente tanto os estofos do canapé e de seis cadeiras, como a armação do fogão de sala, obtendo um sofisticado e elegante efeito de “ouro sobre azul” que impressiona os sentidos.

 

O aparato pretendido para esta divisão está diretamente ligado à sua função. A Sala de Visitas, conjuntamente com a Sala Verde e o Átrio da Sacristia, faziam parte da zona mais pública do Palácio. As visitas quotidianas de D. Fernando II e da Condessa d’Edla entravam pela porta do Átrio da Sacristia e aguardavam na Sala Verde, onde se encontrava o livro onde podiam assinar o seu nome. De seguida, eram recebidas, «de pé», na Sala de Visitas, mas apenas algumas eram convidadas a aceder às áreas mais privadas do palácio, dependendo do grau de proximidade com o monarca e a Condessa d’Edla, do assunto a tratar ou da causa da visita.

 

O projeto museográfico ficará concluído durante o presente ano com a colocação de algumas peças de mobiliário, que serão objeto de restauro, e com a aplicação de cortinas em veludo azulino.

 

Mais Recentes

«Estará sempre no meu coração», diz Sérgio Conceição sobre Pinto da Costa

há 2 minutos

«Sismo com epicentro no Seixal foi sentido entre a região Centro e o Algarve», diz IPMA

há 4 minutos

Já ouviu falar em gordura visceral? A bem da sua saúde saiba o que é e fique atento a estes sinais

há 15 minutos

Abalo sísmico sentido hoje em Lisboa foi de 4,7 na Escala Richter: o que significa este valor?

há 1 hora

Lisboa sofreu hoje um sismo: saiba o que fazer antes, durante e depois de um abalo de terra

há 1 hora

Sentiu a terra tremer? Nós sentimos: mais um sismo em Lisboa (em atualização)

há 2 horas

Óbito: Morreu o ex-presidente do Atlético Clube Marinhense, Fernando Silva.

há 3 horas

Opinião: « Pode uma cirurgia para a obesidade reduzir o risco de cancro?», Doutor Gil Faria, cirurgião

há 3 horas

Este é o truque certo para afiar as facas sem precisar de pedra para amolar

há 3 horas

Esta carne é duas vezes mais saudável do que a carne de porco, mas os portugueses raramente a comem

há 3 horas

Todo o cuidado é pouco quando se fala da validade dos alimentos: mas quais os que podemos comer depois de expirar?

há 4 horas

Cada vez mais pessoas estão a colocar rolos de papel higiénico no frigorifico: este é o motivo

há 4 horas

Coxidiginia: conheça a dor silenciosa que afeta principalmente as mulheres

há 4 horas

Conheça a empresa (com fábrica em Portugal) de onde saem as cervejas de marca própria do Lidl e da Mercadona

há 4 horas

Este é o melhor azeite do mundo pelo 8.º ano consecutivo: custa 5,20 euros

há 5 horas

Nem jejum nem ginásio: conheça o truque japonês para perder peso em todas as refeições

há 5 horas

O alerta vem de um especialista em sono: «este é o motivo das almofadas ficarem amarelas. Cuidado, pode ser perigoso»

há 5 horas

Especialista responde: «é possível estar apaixonado por duas pessoas ao mesmo tempo?»

há 6 horas

Shakira cancela concerto e é hospitalizada devido a dores abdominais

há 6 horas

É um dos frutos mais consumidos, mas sabe quantos limões são produzidos por ano por um limoeiro?

há 6 horas

Subscreva à Newsletter

Receba as mais recentes novidades e dicas, artigos que inspiram e entrevistas exclusivas diretamente no seu email.

A sua informação está protegida por nós. Leia a nossa política de privacidade.