A nova medida anunciada pela Netflix, que já está em vigor em Portugal desde 08 de Fevereiro, apesar de ainda não ter começado a bloquear contas, já causou controvérsia entre os clientes.
A razão dada pela empresa seria a diminuição do número de assinaturas no mundo todo e a grande quantidade de pessoas que partilham suas contas, o que causa uma perda de milhões de dólares todos os anos.
Ainda assim, desde 2015, quando a Netflix começou a operar em Portugal, os ajustamentos sofridos na subscrição mensal foram muito superiores à inflação acumulada no mesmo período no país, atingindo um aumento de 34% no pacote Premium.
A principal justificação da Netflix para a cobrança de uma taxa adicional seria que a partilha de contas gera uma perda de um milhão de dólares em todo o mundo. Mesmo assim, analisando os valores cobrados pela empresa desde 2015, quando chegou a Portugal, é possível notar que já tem tentado compensar estas perdas, com reajustamentos bem acima da inflação.
O plano básico da Netflix, que dá direito à utilização de apenas um ecrã e sem reprodução em HD, foi o único que manteve o seu preço em 7,99 euros. Já o pacote standard, que autoriza reprodução em dois ecrãs simultaneamente e HD, passou de 9,99 € para 11,99 €, um aumento de 20,02%. Já o pacote Premium, que dá direito a quatro reproduções simultâneas e Ultra HD, teve o maior aumento, 34%, de 11,99 € para 15,99 €. A média dos dois pacotes que sofreram reajustes, ficou em 27%, mas neste mesmo período, a inflação em Portugal foi de 12,89.
Em Portugal, 32,9% das pessoas têm a assinatura de pelo menos um serviço de streaming, enquanto 44,1% são utilizadores, segundo o estudo BStream do Grupo Marktest. Isso significa que 3,4 milhões de portugueses pagam pelos serviços de streaming, mas 4,5 milhões os utilizam.
Com base no mesmo rácio, foi feita uma projeção de quanto a receita da Netflix em Portugal poderia aumentar com o bloqueio da partilha de contas para pessoas que não vivem na mesma casa.
Atualmente, estima-se que cerca de 884 mil pessoas em Portugal são subscritores, o que significa que se tivermos em conta a mesma proporção de utilizadores de todas as plataformas, na verdade 1,19 milhão desfrutam efetivamente dos serviços da Netflix.
Considerando que todos estes utilizadores adicionais paguem pelo menos uma taxa de utilização, no valor de 3,99 euros, a receita mensal da empresa aumentará em cerca de 1,2 milhão de euros.