Quando se pensa em pratos e iguarias norte-americanos somos de imediato transportados para o imaginário das cafetarias que vemos nos filmes e para as maiores cadeias de hamburguerias e pizzarias do mundo.
A primeira coisa a ter em conta quando falamos de gastronomia em terras do Tio Sam é o facto de ser comparável a uma enorme manta de retalhos. E, se pensarmos bem naquilo que são os Estados Unidos, rapidamente chegamos à conclusão de que não poderia ser de outra forma. De uma nação formada por descendentes de pessoas dos quatro cantos do mundo, composta por 50 estados federais, não se pode esperar uma grande homogeneidade cultural, e a gastronomia não é exceção.
De um modo geral, podem identificar-se quatro tipos de influências na culinária nos Estados Unidos. A primeira e, provavelmente, a mais notória, é a dos índios norte- -americanos, cuja alimentação, antes da chegada dos europeus, se baseava em três ingredientes principais que até hoje são muito consumidos: o milho, o feijão e a abóbora. Estes ingredientes são encontrados em iguarias de grande tradição nos Estados Unidos, como o Grits (de aveia), o pão de milho e Hoppin John no sul, as tortilhas no sudoeste, o feijão cozido e Succotash no nordeste e a torta de abóbora em todo o país, no Dia de Ação de Graças.
Outra das influências vem dos cajun, descendentes de colonos de origem francesa expulsos da Acadie (no leste do Canadá), que deram origem ao crioulo francês do estado do Louisiana – uma mescla de francês com outros idiomas de comunidades locais. Na culinária cajun o grande destaque vai para o roux, que serve de base ao prato mais típico do Louisiana – o gumbo. O roux é um molho da culinária francesa que é obtido da cozedura da farinha de trigo numa gordura até esta mudar de cor para vermelho (roux significa vermelho, em francês).
Uma influência completamente diferente é a da cozinha Tex-Mex. Trata-se de uma fusão entre a culinária mexicana e norte- -americana, nomeadamente do estado do Texas. A cozinha Tex-Mex caracteriza-se pelo uso abundante de carne (especialmente de vaca), feijão, especiarias e tortilhas ao estilo mexicano (de farinha de trigo ou milho), fritas ou no forno. Os nachos com salsa picante (servidos como aperitivo), os tacos shell, o chili com queijo, o chili com carne e as fajitas, entre outros pratos que se encontram em restaurantes mexicanos no nosso país, são na realidade criações da cozinha Tex-Mex.
Por fim, a culinária sulista é o conjunto das tradições gastronómicas do sul dos Estados Unidos, incluindo os estados desde a Virgínia até ao Texas, onde dominava até à Guerra Civil o sistema de plantação baseada na mão-de-obra escrava. Na época os escravos, geralmente de origem africana, bem como os trabalhadores brancos das plantações, tiveram que se adaptar aos ingredientes disponíveis para a sua alimentação. Todos trouxeram ingredientes e costumes das suas terras; por outro lado, produtos locais como o milho, o feijão, o tomate e as pimentas foram rapidamente absorvidos na culinária destes colonos. Deste modo, a culinária sulista baseia-se no milho, feijão, hortaliças e carne de porco, do qual todas as partes comestíveis são aproveitadas; mais tarde, o arroz foi acrescentado aos ingredientes principais.
Buffalo wings
Buffalo Wings é o nome de uma variante das conhecidas chicken wings, criada na cidade de Buffalo, no estado de Nova Iorque. A receita é originária do Anchor Bar, pela proprietária Teressa Bellissimo. Segundo reza a lenda, certa noite, o filho da proprietária e alguns amigos chegaram ao restaurante famintos e pediram algo para comer. Teressa pegou numas asinhas de frango que teriam como destino uma canja e fritou-as. Para completar a nova receita, verteu sobre elas um molho picante que fez grande sucesso. Tradicionalmente, as asinhas de frango são fritas e temperadas com diferentes graus de pimenta, ao gosto de quem as prepara e, sobretudo, de quem as come. Geralmente, são servidas com algum molho de acompanhamento. Muitos estabelecimentos, norte-americanos e não só, já possuem este prato no seu cardápio, existindo, aliás, uma rede chamada Buffalo Wild Wings, com muitos espaços em diversos lugares dos Estados Unidos. Para acompanhar, sugere-se algo que ajude a limpar o paladar, pois trata-se de um prato bastante condimentado. O fenómeno foi de tal ordem, que, neste momento, já se tornou uma marca internacional, sobretudo por via de algumas cadeias de fast-food. O próprio restaurante passou a ser um polo de atração turística mundial, que dá a conhecer as Buffalo Wings originais.
Chili com Carne
A denominação Tex-Mex nasce de uma abreviatura dada à companhia ferroviária Texas-Mexican Railway, fundada no ano de 1875. O nome sugere uma mistura dos dois povos envolvidos (americanos nativos do Texas e mexicanos). Ao longo dos anos, a cozinha Tex-Mex foi sofrendo várias influências, procurando fundir tradições antigas do Norte do México e da cultura do Sul do Texas. A gastronomia Tex-Mex surge da fusão dos sabores tradicionais oriundos dos dois povos, numa procura de harmonizar a cozinha local.
O Chili com Carne é um dos pratos mais controversos da chamada comida Tex-Mex, visto que há muitas dúvidas sobre quando e onde foi inventado. No século XIX, o prato composto por carne seca, gordura, condimentos e pimenta chili já era popular entre os cowboys e aventureiros do Oeste americano. Com o final da Guerra de Secessão, em 1865, o prato ganhou uma dimensão nacional norte-americana.
Entre os texanos mais conservadores, o prato só é autêntico se tiver apenas carne e quantidades absurdas de pimenta. Mas, com a popularização do chili, inúmeras versões surgiram – sendo mais populares aquelas que acrescentam feijão à receita.
American Pie
Costuma dizer-se que não existe nada mais americano do que uma boa tarte de maçã – as american as an apple pie! A famosa tarte é uma enorme tradição nos Estados Unidos, principalmente no Dia de Ação de Graças. Esta sobremesa típica teve a sua origem em Inglaterra, antes dos primeiros emigrantes a terem levado para a América. Posteriormente, os Estados Unidos tornaram-se um dos mais importantes produtores mundiais de maçã e surgiu um herói do povo, cuja história se misturou com o folclore e fez com que a tarte se tornasse tão popular.
A lenda de Johnny Appleseed reza que, enquanto ele andava descalço sobre a terra, jogava sementes de maçã pelo chão, por onde quer que passasse. Usava uma panela como chapéu e era um vegetariano que vivia de leite desnatado talhado e pólen. A história conta que Appleseed (semente de maçã), o excêntrico herói do povo, viajou milhares de quilómetros desde o interior do estado de Pensilvânia até ao Indiana, tendo começado essa viagem com cerca de 25 anos. Até à sua morte, aos 71 anos, em 1845, plantou árvores de maçã por onde passou.
Chicago Deep Dis
Uma panela de aço é o instrumento ideal para segurar de forma perfeita a farta crosta de massa, recheada de diversas camadas de queijo derretido, carne deliciosamente temperada e tomates frescos. Isto para, na hora de cortar, as fatias saírem perfeitas. A Deep Dish Pizza pode ser das melhores pizzas de massa grossa e é uma das especialidades de Chicago que mais atrai os seus visitantes.
O primeiro registo histórico desta pizza data de 997 d.C., em documentos encontrados no sul de Itália. Os italianos, como é sabido, têm vindo a aprimorar as suas receitas com diferentes sabores.
Durante o final do século XIX e até ao início do XX, emigrantes oriundos da região de Nápoles chegaram aos EUA. A próspera comunidade napolitana entrou, posteriormente, na área da restauração em Chicago e trouxe as suas origens e sua cultura alimentar para o coração da gastronomia norte-americana.
Foi este contacto intenso com os norte-americanos que inspirou dois empresários a criarem uma versão norte-americana da pizza. Em 1943, um novo restaurante em Chicago, a Pizzeria Uno, começou a ganhar mercado com o novo estilo da pizza de massa grossa. Conquistou primeiro a cidade de Chicago e, depois, tornou-se uma marca do estado de Illinois.
Baby Back Ribs
Com molho barbecue. A tradição do churrasco norte-americano é mais forte no sul do que no norte dos Estados Unidos. A sua origem é atribuída à época da Guerra Civil norte- -americana (1861–1865) e as suas técnicas de preparação variam de acordo com a região, incluindo diferenças no corte da carne, nos ingredientes do molho e no tipo de acompanhamento. Há muitas diferenças no corte da carne (parte das costelas que vão ser utilizadas, Baby Back ou Saint Louis Spare), nos ingredientes do molho e no tipo de acompanhamento. Além dessas, também há algumas diferenças nas opções do molho barbecue – clássico, southern e applebee’s honey são os mais comuns.
O tempo exato para cozinhar Baby Back Ribs depende da receita, da quantidade de pessoas para que se está a cozinhar e do método utilizado. No entanto, para as costeletas ficarem macias, a sua preparação não deve ser apressada. Para os métodos tradicionais, que usam o forno ou a churrasqueira, reserve cerca de três a quatro horas. Para métodos mais rápidos, as costeletas podem ficar prontas em apenas 25 minutos. Na maioria das regiões este prato é acompanhado com uma porção de batatas fritas.