José Pinho, fundador da Ler Devagar, instalada na LX Factory desde 2009, e do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, o livreiro e dinamizador cultural morreu hoje.
Presidente da República considerou hoje que a morte do livreiro José Pinho, fundador da Ler Devagar, representa “a perda de um dos melhores amigos dos livros e da leitura em Portugal”.
“Que o seu exemplo possa ser prosseguido e favorecido”, escreve Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota hoje publicada no ‘site’ da Presidência da República.
Na nota, o Presidente da República considerando ainda essencial a existência de livreiros esclarecidos, inventivos e combativos, sublinhando que poucos o foram como o fundador da Ler Devagar e do Festival Literário de Óbidos.
“Em qualquer época, mas sobretudo numa época em que a cultura do livro enfrenta sérios desafios, a existência de livreiros esclarecidos, inventivos e combativos é essencial”, refere na nota, acrescentando: “poucos livreiros o foram em tão alto grau, e com um lado saudavelmente aventureiro, lúdico, sedutor, como José Pinho”.
Marcelo Rebelo de Sousa lembra a condecoração que atribuiu há poucas semanas a José Pinho, “como reconhecimento do seu mérito e contribuição para a Cultura portuguesa”.
“Era impossível encontrá-lo sem que nos contasse mais um projeto, projetos sempre muito ambiciosos mas, no fim de contas, realizáveis”, refere o Presidente da República.
Com a Ler Devagar “recuperou o infelizmente desusado conceito de livraria de fundos, defendendo, em contraciclo, a diversidade e a pluralidade de géneros literários e a atenção a médias e pequenas editoras”, com o FOLIO “apostou no estabelecimento de uma ‘vila literária’, onde as livrarias generalistas e temáticas conquistavam espaço a edifícios antigos” e, com a RELI (Rede de Livrarias Independentes), “militou pelos editores e livreiros independentes, pelos alfarrabistas, por um ecossistema do livro duramente atingido por vários fatores conhecidos, mas não inevitáveis”, escreve.
O fundador da Ler Devagar tinha sido este mês agraciado com a medalha de mérito cultural pela Câmara Municipal da capital, por ser considerado “uma personalidade ímpar da cidade”.
Aquando da entrega da medalha de mérito cultural em Lisboa, o presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Pedro Sobral, enalteceu “o papel fundamental que José Pinho tem tido na promoção do livro e da leitura, através de projetos inovadores e independentes que são ainda hoje marcos fundamentais da cultura do livro e da livraria”.
Uma semana depois, recebeu, pelas mãos do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o grau de comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.