A Baixa de Coimbra recebe, no dia 14, o “Museu Móvel das Memórias Perdidas”, uma iniciativa do artista Nelson Ricardo Martins que vai dar visibilidade às histórias de quem habita e se relaciona com aquela zona da cidade, avança a Lusa.
O projeto questiona a ideia de museu como espaço “rígido e pouco democrático”, e propõe um outro museu, móvel e cujo acervo se constitui a partir das memórias de cada um, disse à agência Lusa o artista visual e curador brasileiro Nelson Ricardo Martins, que está a fazer doutoramento em arte contemporânea no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra.
“Neste projeto, olhamos para o ser humano como um homem-museu, que se movimenta e que tudo o que vai vivendo na vida leva para a mente, que é uma espécie de reserva técnica. É um museu infinito, que se traduz nas memórias das pessoas”, salientou.
A iniciativa, integrada no ciclo Mimesis da Universidade de Coimbra, procura dar, ao mesmo tempo, visibilidade às memórias de quem habita e de quem se relaciona com a Baixa de Coimbra, um lugar “histórico, riquíssimo em histórias” e que se encontra “abandonado”.
Marcado para dia 14, o “Museu Móvel das Memórias Perdidas” arranca com um encontro junto à Igreja de Santiago, na Praça do Comércio, de um grupo de pessoas que Nelson Ricardo Martins foi convocando para o projeto – entre moradores, visitantes, artistas e músicos – que darão corpo a um cortejo “polifónico” aberto a outros participantes.
O cortejo, uma espécie de “procissão-memorial”, vai seguir até ao Largo do Poço, partilhando memórias e canções durante o caminho, ao mesmo tempo que se pede à população para participar nesse momento final.
No Largo do Poço, qualquer pessoa poderá expor e partilhar as suas memórias, instituindo-se, no final, o “Dia Mundial das Memórias Perdidas”, referiu.
As memórias serão gravadas e depois doadas à cidade, tal como Nelson Ricardo Martins já tinha feito com outra iniciativa, a “Cabine da Palavra”, no âmbito da bienal anozero, onde também recolheu testemunhos sobre a Baixa de Coimbra.
Para o artista, é importante sublinhar e vincar as memórias e histórias que habitam a Baixa.
“A Baixa é mais do que vitrinas. Há toda uma vida ali, que dá um outro sentido às pessoas”, realçou.
Ficando instituído um “dia mundial” metafórico, o artista conta voltar a fazer uma nova ação pela Baixa no dia 14 de junho de 2024, à procura de mais memórias perdidas.