Seja qual for a sua cor, os figos estão repletos de vitamina B, minerais, fibras e antioxidantes. E, não, não é um fruto!
Embora seja considerado um fruto na culinária, o figo é na realidade uma “inflorescência” do ponto de vista botânico: provém do desenvolvimento do ovário e do recetáculo das flores da figueira comum. O figo é, de facto, uma espécie de “concha com centenas de flores no seu interior” que, quando amadurece, dá origem a uma multiplicidade de pequenos frutos, as famosas “sementes” que estalam ao dente.
Se apenas as figueiras fêmeas produzem figos comestíveis uma ou duas vezes por ano, o que é que faz com que este “falso fruto” amadureça?
Para as figueiras que não são vendidas em centros de jardinagem (onde os figos amadurecem automaticamente e não há necessidade de polinização), é necessária a intervenção de um pequeno inseto polinizador: o blastófago, que transporta o pólen da figueira macho para a árvore fêmea.
A fêmea do blastófago nasce na figueira macho, depois voa para outra figueira para depositar os seus ovos: se for uma figueira fêmea, podem formar-se pequenos frutos no interior do figo, que é comestível e pode, portanto, amadurecer.
Na Bíblia há margem para dúvidas sobre a veracidade do fruto comido por Adão e Eva no Jardim do Éden: tratava-se de uma maçã, de uma uva ou de um figo? Em latim, “pomum” significa fruto, não maçã, e o figo tinha uma importância simbólica particular na Antiguidade. Cultivado no Egipto dos faraós, era considerado um presente dos deuses pela sua prodigalidade.
Os figos estão também presentes no mito da fundação de Roma pelos gémeos Rómulo e Remo, que se diz terem sido colocados junto a uma figueira selvagem quando nasceram, antes de serem descobertos e alimentados por uma loba. A figueira é também a árvore dos deuses Dionísio e Marte na mitologia grega e romana.
O nosso fígado, órgão de síntese do corpo humano responsável pela purificação e armazenamento, deve o seu nome ao figo. De facto, Agicius, um agricultor romano, tinha engordado os seus gansos com figos: o resultado foi uma receita de fígado recheado com figos, em latim, mas só o adjetivo “ficatum” ficou para designar o órgão.