Em 2009 que a bioquímica americana Diana Yousef, especialista em desenvolvimento internacional, teve o seu “momento eureka”, enquanto trabalhava na NASA onde analisava «opções de reciclagem de água para a estação espacial internacional». Vezes sem conta surgiram na conversa da sua equipa termos como saneamento por vapor ou materiais respiráveis, aqueles que, como explica «têm a capacidade de extrair água molecular de uma massa húmida».
O objetivo, revela ao ENCLAVE ODS, era «usar as águas residuais e passá-las por tubos feitos de material respirável,depois fazer sair a água molecular e utilizá-la para a agricultura espacial». A ideia, diz ela, parecia «muito interessante», mas não se concretizou.
Cinco anos depois, a cientista deixa a NASA e cria a sua startup :WATER Labs. Agora, seu projeto é finalista nos prémios de Inovação Social da Fundación MAPFRE.
No final de 2014 conseguiu atrair a atenção do MIT. Até então, revela «não tinha tecnologia, nem recursos, nem colaboradores, nem espaço para trabalhar… nada».
Uma vez reunida a sua equipa – grande parte vinda da universidade americana – conseguiram finalmente a subvenção inicial que lançou as bases para a sua invenção revolucionária: o iThrone.
Em dois anos já tinham desenvolvido a sua tecnologia, inspirada no projeto da NASA de 2009, embora com nuances. O material que criaram, ao qual deram o nome de de shrink -wrap for crap , em inglês, é, como o utilizado pela agência espacial: um «material respirável que tem a capacidade de afastar a água de uma área molhada».
É semelhante, diz Yousef, «aos tecidos usados para fazer roupas desportivas que absorvem e evaporam o suor para que nos sintamos confortáveis».
No entanto, o envoltório retrátil para lixo «não é um tecido», mas sim um material que «absorve água molecular e depois liberta-a no ar sob a forma de vapor de água».
Essa embalagem retrátil para lixo foi inserida no principal produto, o iThrone. De acordo com a cientista. «é uma sanita portátil de baixo custo, sem cisterna, que tem a capacidade de evaporar a maior parte dos resíduos».
Parece ficção científica, mas nada poderia estar mais longe da realidade. «95% dos resíduos humanos são água», afirma, por isso é que a sua inovação é tão revolucionária.
Yousef explica como funciona: «O iThrone incorpora nom seu interior sacos feitos desse material onde os excrementos são recolhidos. Depois os sacos sugam a água dos resíduos para encolhê-los e secá-los. E assim, os resíduos líquidos podem ser quase completamente removidos no local».
Esclarece que «os resíduos sólidos não desaparecem», mas «serão muito menos e serão muito mais estáveis e seguros de gerir». Dessa forma, garante Yousef, obtém-se «uma sanita compacta que pode suportar entre 1.400 e 2.800 usos antes de precisar de ser esvaziada».
Isto permite a quem a utiliza «puxar a sanita sem necessidade de líquidos ou canos». Porque «é lançado” no ar como puro gás de água».
Conclui que «é uma sanita que reduz o desperdício no ponto de produção, permitindo uma recolha pura e uma contenção muito mais higiénica, sobretudo em situações de superlotação?.