Uma alimentação que privilegie um maior consumo de produtos vegetais, quando planeada equilibradamente, pode contribuir para melhorar os resultados em saúde nas pessoas com diabetes tipo 2. Este tipo de alimentação contribui para melhorar a sensibilidade à insulina, é anti-inflamatória e antioxidante, melhora os níveis de glicose em jejum, de colesterol total, ajuda a diminuir o índice de massa corporal, o perímetro abdominal e diminui o risco de morte por doença cardiovascular. Estas são evidências recolhidas pelo projeto “Comer Melhor, Viver Melhor” que esteve em destaque no Parlamento Europeu, no dia 18 de abril.
Esta iniciativa junta a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), a Federação Francesa de Diabetes (FFD) e a Federação Internacional da Diabetes – Europa (IDF) e tem como objetivo promover o papel de uma alimentação saudável e sustentável na gestão da diabetes tipo 2, desenvolvendo ações concretas para a literacia alimentar em pessoas com diabetes e profissionais de saúde.
“Uma mudança para uma alimentação mais baseada em plantas, pode beneficiar as pessoas com diabetes tipo 2, no controlo do açúcar no sangue, no bem-estar e na eventual redução da medicação. Contudo, os dados do inquérito a pessoas com diabetes tipo 2, realizado para o projeto “Comer Melhor, Viver Melhor”, revelam que uma grande parte dos inquiridos não reconhecem a definição e o possível papel destes padrões alimentares. Apesar do desconhecimento, os resultados mostraram também uma atitude positiva, sendo necessário disponibilizar formas de aumentar a literacia alimentar e os conhecimentos práticos sobre a confeção de produtos alimentares de origem vegetal.”, refere Rogério Ribeiro, investigador biomédico da APDP.
Segundo a Associação Europeia para o Estudo da Diabetes (EASD), recomenda-se uma variedade de dietas alimentares que privilegiem o consumo de cereais integrais, legumes e frutas, leguminosas, frutos secos, minimizando o consumo de carne (especialmente carne vermelha e transformada), bebidas açucaradas e cereais refinados, como é o caso da dieta Mediterrânica, a dieta Nórdica e a dieta flexitariana (uma dieta que não elimina totalmente o consumo de carne, como a dieta vegetariana).
Rogério Ribeiro sublinha a necessidade de aumentar a consciencialização sobre este tipo de dietas. “Sabemos que mais de metade dos profissionais de saúde expressam poucos conhecimentos sobre a alimentação à base de plantas ou desconhecem o seu potencial papel para a gestão da diabetes. Efetivamente, apenas 30% das pessoas com diabetes tipo 2 inquiridas no âmbito do nosso projeto referiram ter recebido informação e apoio sobre este regime alimentar.”, conclui.
“É muito importante para a APDP fazer parte deste projeto, patrocinado pelo movimento internacional Healthy Food, Healthy Planet. Uma abordagem multidisciplinar que coloque a alimentação à base de plantas como prioritária na gestão da diabetes tipo 2, além de ter benefícios para a saúde, contribui para sistemas alimentares mais sustentáveis”, realça José Manuel Boavida, presidente da APDP.
A sessão “Promover e acelerar a mudança para dietas à base de plantas para uma Europa mais saudável: o caso da Diabetes”, acolhida pelo Eurodeputado Francisco Guerreiro dos Verdes/ALE, Portugal, contou com um painel de discussão com base na apresentação do projeto e dos resultados iniciais da revisão da literatura e dos inquéritos online realizados em Portugal e em França, bem como a lógica e o impacto dos workshops culinários. O evento reuniu as perspetivas dos decisores políticos, associações de diabetes (APDP, FFD, IDF Europa), pessoas que vivem com diabetes e profissionais de saúde.