Realizada no solo, com o peso do próprio corpo como resistência, ou também com aparelhos específicos, a técnica chega faz 104 anos como um método eficaz, acessível, variado e popular.
O que muitos não sabem é que o inventor do sistema, inclusive dos aparelhos, o alemão Joseph Pilates, elaborou tudo dentro de um campo de prisioneiros de guerra. E, o que é mais fascinante, inspirado no movimento dos gatos selvagens que frequentavam o local em busca de restos de comida.
«Observe um gato abrindo os olhos com preguiça, olhando lentamente ao redor e gradualmente preparando-se para se levantar após uma soneca», escreveu Pilates em seu livro Retorno à vida através da Contrologia, de 1945.
Nascido na cidade alemã de Mönchengladbach, em 1883, Joseph Pilates era a antítese de bem-estar físico. Em criança sofria de asma, raquitismo e febre reumática, além de constantemente ser vítima de bullying na escola. Aos cinco anos, ficou cego do olho esquerdo, supostamente em consequência de uma pedrada.
Inspirado no pai, que era ginasta, Pilates começou a reeducar seu corpo usando várias técnicas como fisiculturismo, luta livre, ioga, ginástica, esqui, boxe e artes marciais. A combinação funcionou e, aos 14 anos, ele atingiu um físico tão perfeito que até posava como modelo para gráficos de anatomia.
Passa a integrar a trupe de um circo alemão como contorcionista, e também boxeador profissional. Pilates estava ema Inglaterra em 1914, quando a eclosão da Primeira Guerra Mundial o levou à prisão. Temendo sabotagens e espionagem, o governo britânico determinou que todos os alemães residentes no país fossem confinados à remota ilha de Man, no mar da Irlanda.
Pilates obteve acesso com a condição de que nenhum paciente saísse da cama. O alemão não desistiu e começou a prender bobinas de metal encontradas pelo campo nas cabeceiras das camas.
Em seguida, conduziu os detentos a estender as pernas, enquanto os braços se moviam contra a tensão das molas, inspirando no alongamento muscular e expirando na fase de força. A desumana prisão na ilha escarpada acabou por se transformar em laboratório para Pilates, que teve assim tempo para consolidar o seu método, e explorar doenças diferentes.
Depois de o método se popularizar entre um pequeno grupo de profissionais, Pilates foi convidado para treinar o exército alemão em 1925, mas preferiu mudar-se para Manhattan, nos EUA, onde montou um ginásio que seria um protótipo do primeiro estúdio do método no mundo. No barco, a caminho de Nova Iorque, conheceu sua mulher Clara.