Na véspera de se assinalar o Dia Mundial da Doença Inflamatória do Intestino, a Associação de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (Apogen) realça “o percurso favorável dos medicamentos biossimilares nesta patologia e noutras áreas, especialmente no maior acesso terapêutico e na sustentabilidade dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), apesar do pleno potencial continuar aquém”.
Presentes em Portugal desde 2008 (em 2006 na Europa) existem atualmente 18 biossimilares em comercialização, que “são uma alternativa terapêutica, mais custo-efetiva” que garante que mais doentes sejam tratados.
“Até 2022 os medicamentos biossimilares permitiram um aumento da acessibilidade superior a 46%. No caso das doenças inflamatórias do intestino”, que incluem a doença de Crohn e a colite ulcerosa, as moléculas usadas no seu tratamento aumentaram a acessibilidade em 154% e permitiram que mais 2.200 doentes fossem tratados entre 2018 e 2021.
Apesar deste aumento, o relatório de monitorização do consumo de medicamentos em meio hospitalar da autoridade nacional do medicamento (Infarmed) aponta que a adoção destes medicamentos está estagnada desde maio de 2022.
A associação, presidida por Maria do Carmo Neves, reforça em comunicado que os biossimilares (medicamentos desenvolvidos após a patente do produto biológico ter expirado) já são amplamente usados em outras patologias autoimunes e crónicas, nomeadamente na diabetes, na oncologia, nas perturbações do crescimento ou na psoríase, “tendo demonstrado uma elevada qualidade, eficácia e segurança”.
Na Europa, desde 2006 proporcionaram 5,8 mil milhões de dias de tratamento e representam uma oportunidade crescente para os doentes porque mais de 110 medicamentos biológicos irão perder a patente até 2032.
Segundo a associação, a Europa é líder na utilização dos biossimilares, representando 52% do mercado global. Em 2028 representarão mais de 50% dos medicamentos não protegidos por patente.
Em 10 anos, em Portugal os medicamentos biossimilares libertaram mais de 140 milhões de euros para o Estado. A nível europeu, a adoção destes fármacos já permitiu libertar mais de 50 mil milhões de euros.
“Só em 2023, os recursos libertados com estas moléculas biológicas permitiram ultrapassar os 10 mil milhões de euros”, sublinha a Apogen.
Apesar de existir uma evolução favorável com o aumento do conhecimento sobre estes medicamentos, refletida através da realização de ações conjuntas com o regulador, Maria do Carmo Neves considera que “em Portugal continuam a existir desafios” na sua utilização, “em particular as dúvidas que limitam a confiança dos prescritores, impedindo a maior adoção destas tecnologias de saúde no SNS”.
Maria do Carmo Neves defende que se deve continuar a apostar no “trabalho de divulgação, formação, esclarecimento e sobretudo nos sistemas eletrónicos de prescrição garantir que existe informação de apoio ao prescritor”,
“Algumas das soluções passam por fomentar uma melhor gestão, comunicação e educação sobre estes fármacos junto dos profissionais de saúde e dos utentes, de modo a gerar mais confiança e facilitar a sua utilização”, salienta a responsável.
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