Um estudo publicado numa revista britânica especializada obteve resultados prometedores na descoberta de um tratamento para a doença psiquiátrica mais comum: a depressão. Dois anos depois, a FDA reconheceu o potencial terapêutico da substância e deferiu um teste clínico da utilização da psilocibina como tratamento para a depressão.
Essa decisão vem na sequência dos resultados da experiência terapêutica com psilobicina terem sido, aparentemente, tão promissores entre pacientes que sofrem de depressão resistente a outros tipos de tratamentos mais convencionais.
Os fármacos prescritos com maior regularidade são os inibidores seletivos da recaptação da serotonina, ou SSRI na sigla anglo-saxónica, para tratar a depressão. Mesmo quando funcionam, muitos indivíduos demoram meses para sentir a sua eficácia, e esse alívio momentâneo pode ainda vir acompanhado de efeitos secundários, como náuseas, insónias e disfunção eréctil.
A grande diferença entre os SSRI e outros medicamentos aprovados para tratar a depressão é o seu campo de ação. Os inibidores seletivos atuam no centro emocional do cérebro, tornando a amígdala menos sensível ao impacto de sentimentos negativos intensos. Por outro lado, a psilocibina parece fazer precisamente o contrário. Nos pacientes já testados constatou-se que foram capazes de processar esses sentimentos e sentir alívio dos sintomas depressivos depois de apenas algumas semanas.
Os investigadores acreditam que tal se deveu ao facto da psilocibina “reiniciar” os circuitos neurológicos que estimulam a criação e propensão no cérebro de repetições de emoções negativas – o que permite quebrar os padrões mais sombrios e enfraquecer os sintomas característicos da depressão.
A psilocibina é um componente alucinogénico
Primeiramente, os investigadores administraram aos voluntários uma dose baixa de psilocibina, por razões de segurança. Apesar dos seus benefícios, a psilocibina tem um efeito semelhante ao LSD. Por isso as pessoas consomem essa substância como droga recreativa para ter sentimentos de euforia e distorções sensoriais que são comuns a drogas alucinogénicas.
Embora não seja considerada uma substância viciante, quem consome psilocibina sem conselho médico pode experimentar ansiedade, pânico ou ter mesmo alucinações perturbadoras.
A depressão é uma das doenças psiquiátricas mais comuns.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a depressão é um dos principais problemas de saúde no mundo desenvolvido e uma das mais comuns razões de suicídio.
Estima-se que, em Portugal, um terço dos portugueses com depressão não está a obter o tratamento de que precisa. E ainda, a existência de cerca de 400 mil portugueses, entre os 18 e os 65 anos, que sofrem de depressão por ano.