A tendência atual para a redução do trânsito e utilização de veículos privados nos centros das cidades é uma tendência em crescimento em todo o mundo e um objetivo em Portugal. As cidades detêm superfícies limitadas e esta situação provoca uma limitação ao tráfego e uma redução das estradas a favor dos peões, como se pretende, por exemplo, nalgumas artérias de Lisboa. Contudo, a redução dos espaço para os veículos e a limitação dos lugares de estacionamento juntamente com a moda dos veículos de dimensões maiores, que cada vez são mais largos, começa a colocar um risco para a habitabilidade das cidades, de acordo com os peritos.
Os carros de passageiros têm vindo a tornar-se cada vez maiores, com mais espaço interior, mas também dimensões mais alargadas. O mercado dos SUVs, assim designados, aumenta de forma constante em todo o mundo, sendo que em Portugal os valores de venda atingiram já os 43.479 veículos, segundo os dados de setembro(1). Estes valores representam 25,7% do total de vendas de viaturas nos nove meses do ano apurados.
A “autobesidade”, o novo termo que se tornou cada vez mais comum, é um novo desafio que as cidades têm já que enfrentar e que irão afetar o futuro da mobilidade. O termo descreve, de forma abrangente, o potencial tema de os veículos se tornarem maiores. A investigação levada a cabo pela “Transport & Environment” (T&E)(2) demonstra que os veículos estão a ficar 1 cm mais largos a cada dois anos. E, para além disso, os SUV estão a tornar-se mais comuns nas zonas urbanas. Enquanto os automóveis continuam a expandir-se, tanto em largura como em comprimento, os lugares de estacionamento ou o estacionamento na rua não foram dimensionados para se adaptarem à nova frota automóvel em crescimento.
O desenvolvimento de carros cada vez maiores pode dificultar a acessibilidade na estrada para veículos e também para bicicletas e peões, condicionando a mobilidade geral das pessoas. De acordo com a investigação da T&E, a largura média dos automóveis novos aumentou, desde 2018, de 177,8 cm para 180,3 cm.
Assim, os veículos são cada vez maiores, e isso afeta as cidades. Se os automóveis são maiores, mas os lugares de estacionamento oferecidos não estão de acordo a essas dimensões, tal provoca que cada vez haja menos lugares de estacionamento disponíveis e que as vias de circulação sejam cada vez mais pequenas no centro das cidades.
A largura média dos veículos cresceu 2,5 cm em apenas 5 anos
O mercado dos SUV representa quase metade (46%) das vendas globais de automóveis, o que significa que as cidades poderão, em breve, ter de enfrentar este problema de forma mais ativa. Em Paris, França(3), por exemplo, no início deste ano, os parisienses votaram a favor de um novo referendo que cobra aos condutores de SUV taxas de estacionamento mais elevadas em comparação com os coupés e os hatchbacks. A taxa de estacionamento tem em consideração o peso e o tamanho do veículo. Esta ação não se destina apenas a gerir o espaço disponível na cidade de Paris, mas também a resolver os problemas de poluição atmosférica e o tráfego automóvel associados a esta situação(4).
“Diferentes cidades têm diferentes desafios e o Grupo EasyPark tem os conhecimentos necessários para apoiar as cidades no planeamento do futuro. À medida que os automóveis aumentam de tamanho, correm o risco de afetar a habitabilidade das cidades, aumentando a pressão sobre espaços já limitados. Para responder às exigências de uma frota automóvel em constante mudança, é necessária uma infraestrutura de gestão de tráfego eficaz, baseada em tecnologia e dados. O EasyPark Insights, que recolhe dados valiosos, pode ajudar as cidades a tomar decisões informadas sobre como lidar com esta tendência, mantendo os seus espaços habitáveis tanto para os condutores como para os peões.” afirma Cameron Clayton, CEO of EasyPark Group.
SUVs em ascensão – EUA lideram
Nos últimos anos, o mercado dos SUV registou um crescimento significativo em toda a Europa, com vários modelos a conquistarem os corações dos consumidores em diferentes países. Embora os modelos variem entre os países, todos registaram um crescimento nas vendas de SUV.
Quando se compara o crescimento dos SUV na Europa com o dos EUA(5), verifica-se que é bastante semelhante. Em 2022, as vendas de SUV (entre os automóveis novos) na Europa foram de 5,2 milhões de unidades, em comparação com mais de 6 milhões nos EUA. Mas quando olhamos mais de perto, a venda foi apenas um aumento de 2,9 por cento em relação a 2021 na Europa, enquanto o número correspondente nos EUA foi um aumento de 15 por cento. E enquanto o Tesla Model Y domina o mercado europeu de SUV, o Toyota RAV4 é o mais popular nos EUA.
No que diz respeito ao mercado português, já em 2024 os valores representam 27,5% do total de vendas de viaturas ligeiras, ou seja, dos 157 842 veículos(6) ligeiros de passageiros vendidos mais de 43 mil são da categoria SUV. Além do mais, o SUV mais vendido em Portugal é o Peugeot 2008, ao contrário da popularidade do Tesla Model, que domina no mercado europeu. Suíça(19%), Bélgica (18%) e Noruega (17%) são os países com maior número de SUVs.
“À medida que os automóveis crescem, as cidades correm o risco do aumento de pressão sobre os já limitados lugares de estacionamento. Com os SUV a tornarem-se mais populares, as cidades e os operadores de estacionamento têm de preparar lugares de estacionamento maiores para os receber. Isto significa que há menos lugares de estacionamento disponíveis, uma vez que não cabem tantas viaturas no mesmo lugar e os condutores podem ter mais dificuldade em estacionar. É por isso que é vital que os operadores e as autoridades sejam inteligentes no planeamento da utilização do espaço que têm disponível”, aponta Jennifer Amador Tavares de Sousa, Diretora para Portugal do EasyPark Group.