Lilica Boal, diretora da escola-piloto do PAIGC, na luta pela independência da Guiné e Cabo Verde, morreu na quarta-feira, no Hospital Agostinho Neto, na capital cabo-verdiana, disse hoje à Lusa fonte próxima.
O funeral está marcado para sexta-feira, às 11:00 (12:00 em Lisboa), no Tarrafal, ilha de Santiago, onde nasceu há 90 anos.
Maria da Luz Boal – mais conhecida como Lilica – tinha sido sujeita a uma intervenção cirúrgica, após uma queda, e estava internada desde 23 de outubro, acabando por falecer devido a complicações pulmonares.
Entre as funções que desempenhou, destacou-se o trabalho como diretora da escola-piloto do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), escolhida por Amílcar Cabral, em 1969, com o objetivo de acolher os filhos e órfãos de quem estava na frente de combate, assim como de preparar os quadros para o pós-independência.
Na escola-piloto, primeiro em Conacri e depois em Bissalanca, Bissau, disse ter aprendido mais do que em todas as universidades por onde passou, numa entrevista à Lusa, em agosto, a propósito do centenário do nascimento do líder da luta de libertação.
Ainda hoje, Lilica Boal mantinha contacto com alunos da época, por telefone ou em reencontros, refletindo uma ligação de grande proximidade.
A pobreza e repressão associada ao campo de concentração do Tarrafal, com que conviveu, desde criança, foram marcantes e estiveram entre as razões que a levaram, mais tarde, a juntar-se à luta contra o regime colonial português.
Na entrevista à Lusa, Lilica Boal fez alusão a “lutas” inacabadas, quanto à igualdade de género e à maneira como a história cabo-verdiana é ensinada, mas mantendo-se otimista quanto à preservação do legado do movimento de libertação.
“Perdemos uma camarada exemplar”, disse hoje à Lusa, Alcides Évora, combatente que trabalhou com Lilica Boal em diversas ocasiões, sob comando direto de Amílcar Cabral, desde os tempos em que o PAIGC era obrigado a estar sediado em Conacri.
Apesar das dificuldades nas fileiras do movimento, era alguém que se entregava “de coração” à causa da liberdade, concluiu.
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