Em comunicado sobre o prémio destinado a homenagear “mulheres que tenham contribuído de forma notável para o cinema português”, a academia lembra que a realizadora nascida, em 1941, na Alsácia, chegou a Portugal ainda criança, “onde construiu uma carreira cinematográfica marcada por um profundo compromisso social e político, logo a partir de 1971”.
Considerada uma das pioneiras do ensino do cinema em Portugal, o seu trabalho tem uma trajetória de cinco décadas, como recordou a Academia Portuguesa de Cinema em comunicado, lembrando o seu trabalho na montagem de filmes de cineastas como Manoel de Oliveira e José Fonseca e Costa, antes de se ter afirmado como realizadora.
“A sua obra, composta por longas-metragens como ‘Velhos são os Trapos’, ‘Jogo de Mão’ e ‘Solo de Violino’, aborda temas como a condição feminina, as fragilidades da terceira idade e a crítica ao patriarcado, muitas vezes recorrendo ao humor e à ironia”, acrescentou a academia, assinalando o papel da cineasta na montagem de “As Armas e o Povo” e na produção de “O Aborto não é um Crime”, que gerou polémica em 1976 e “foi a rampa de lançamento para a campanha que levaria à realização do primeiro referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez”.
Numa nota biográfica aquando de um ciclo que lhe foi dedicado na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, pode ler-se que “o seu percurso é concomitante com a transformação que se produziu nas últimas cinco décadas no que respeita ao contexto da produção de cinema, onde se passou, progressivamente, a uma profissionalização e aperfeiçoamento técnicos”.
“Mais que isso, Monique Rutler corporiza o modo como o ensino permitiu um renovado e mais plural acesso ao meio cinematográfico português, até então ainda muito encerrado sobre os seus sistemas de convívio autocentrados”, frisou a Cinemateca.
A Academia Portuguesa de Cinema indica que a entrega do prémio vai ser feita numa data ainda a determinar.
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Lusa/fim