“Propusemos e aceitaram a ideia, foi bem recebida pela câmara, de criar um observatório como uma forma de vigilância, para encontrar soluções e chamar a atenção para espaços culturais na cidade”, revelou o presidente da Academia Portuguesa de Cinema, Paulo Trancoso, no final de uma reunião com o presidente da câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e com a vereadora do Urbanismo, Joana Almeida.
Segundo Paulo Trancoso, a intenção é que deste observatório façam parte representantes de várias entidades, nomeadamente ligadas à Cultura, e em estreita ligação com a câmara municipal.
O Salão Lisboa, um dos primeiros cinemas da cidade, e o Animatógrafo do Rossio, com a fachada Arte Nova, são dois espaços dedicados ao cinema que Paulo Trancoso deu como exemplo de necessidade de valorização e preservação.
“Queremos que não ocorram situações como a do cinema Império”, disse Paulo Trancoso, referindo-se a um projeto de alteração da antiga sala de cinema, apresentado pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que utiliza o espaço para culto religioso desde 1992.
Na quarta-feira, a câmara municipal aprovou “uma retificação da deliberação” que tinha feito a 04 de dezembro sobre o projeto, mantendo a aprovação condicionada da ampliação pretendida pela IURD, mas recuando no pedido que esta fez de alteração do uso cultural do imóvel para uso religioso.
Na proposta aprovada inicialmente pela câmara a 04 de dezembro, autorizava-se a alteração do uso do equipamento cultural, no cruzamento da Alameda D. Afonso Henriques com a Avenida Almirante Reis, para equipamento religioso, o que motivou polémica entre a comunidade cinematográfica e de defesa do património.
A Academia Portuguesa de Cinema instou o Governo e a autarquia a protegerem a memória do Cinema Império e a manterem o edifício como um espaço cultural da cidade; e lançou uma petição pública no mesmo sentido, que reuniu mais de 13 mil assinaturas e já foi enviada para a Assembleia da República.
A associação Fórum Cidadania LX também enviou um pedido de esclarecimento à câmara municipal e à ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, sobre a legalidade e as consequências da aprovação da proposta.
O Cinema Império, localizado na freguesia de Arroios, foi inaugurado como sala de cinema em maio de 1952, tendo encerrado portas em 1983.
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