Começa um novo ano e, mais uma vez, é altura de fazer um balanço do tráfego aéreo na Europa e, especialmente, em Portugal. A AirHelp, empresa líder mundial em tecnologia de compensação de passageiros aéreos, analisou os dados de voo do último ano e elaborou um relatório sobre a pontualidade das viagens na Europa e em Portugal. Neste relatório, pode ler-se que, em 2024, mais de 960 milhões de passageiros passaram pelos aeroportos europeus; 30% deles viram os seus voos atrasados ou cancelados e mais de 19 milhões puderam reclamar uma indemnização financeira ao abrigo do Regulamento CE 261/2004, que regula os voos com partida da EU.
Portugal: elevada taxa de voos com perturbações
De acordo com a análise realizada pela AirHelp, dos países europeus com maior tráfego aéreo, Portugal é dos que apresenta uma maior taxa de voos atrasados. Só em 2024, mais de 80 mil voos sofreram algum tipo de perturbação – cancelamento ou atraso – afetando mais de 11 milhões de passageiros, ou seja, 34% dos mais de 34 milhões que viajaram a partir de Portugal. Tendo em conta estes números, mais de 630 mil passageiros tornaram-se elegíveis na obtenção de compensações, de acordo com o Regulamento CE 261/2004.
No que toca às principais rotas em 2024, Madrid foi o destino preferencial de quem partiu de Lisboa com 962 mil passageiros aéreos (dos quais 38% sofreu alguma perturbação no seu voo); Paris o segundo destino de quem partiu de Lisboa com registo de 868 mil passageiros aéreos (sendo que também 38% sofreu alguma perturbação); e, por fim, a rota Madeira-Lisboa foi a terceira rota mais efetuada no ano 2024 com 647 mil passageiros aéreos (e 37% a sofrer alguma perturbação).
O Aeroporto de Lisboa foi aquele que registou mais passageiros: mais de 17 milhões de passageiros partiram do aeroporto da capital portuguesa e destes 40% sofreu algum tipo de perturbação no seu voo – cancelamento, atraso ou overbooking. O Aeroporto do Porto registou aproximadamente sete milhões e meio de passageiros aéreos, com 30% destes a sofrer alguma perturbação no seu voo; em terceiro lugar, o Aeroporto de Faro registou mais de quatro milhões de passageiros aéreos, com 23% a sentir alguma dificuldade no seu voo.
Por outro lado, como esperado, foram os meses de verão que registaram maior tráfego aéreo, especialmente os meses de julho e agosto. No entanto, foram os meses de setembro e outubro que registaram mais perturbações nos voos – 42% e 45%, respetivamente.
Panorama europeu
Grécia encabeça a lista dos países com mais passageiros afetados por atrasos e cancelamentos: mais de 35 milhões de passageiros passaram por este país europeu e 37% destes viu o seu voo sofrer alguma perturbação. Em seguida, a Alemanha, que registou mais de 105 milhões de passageiros aéreos, sendo que 34% destes sofreu algum tipo de perturbação no seu voo, o que corresponde a mais de dois milhões e meio de passageiros aéreos. O pódio termina com a presença de Portugal.
Do lado contrário, e do ponto de vista da pontualidade, a Noruega, Islândia e Lituânia, destacam-se pelo bom desempenho dos seus aeroportos: 81% dos 30 milhões de passageiros que apanharam um voo na Noruega chegaram ao seu destino a tempo; dos mais de quatro milhões de passageiros que voaram a partir de aeroportos islandeses, 80% partiram a tempo; o mesmo aconteceu com 80% dos mais de 2,5 milhões de passageiros que iniciaram a sua viagem na Lituânia.
Em termos de tráfego aéreo, Espanha é, pelo segundo ano consecutivo, o país europeu com mais voos registados – um milhão de voos – e mais movimentos de passageiros – aproximadamente 145 milhões – em 2024. No entanto, Espanha tem vindo a piorar os seus registos de pontualidade, com 26% dos 145 milhões de passageiros a sofrer uma perturbação no seu voo. Em segundo lugar, encontramos o Reino Unido que registou também 145 milhões de passageiros, sendo que 32% sofreu alguma perturbação no seu voo; por fim, a Alemanha foi o terceiro país com mais tráfego aéreo tendo registado mais de 105 milhões de passageiros aéreos. O top cinco é finalizado com a presença da Itália (em quatro lugar) que registou 105 milhões de passageiros aéreos (e 32% com alguma perturbação) e da França (em quinto lugar) com 98 milhões de passageiros (e 31% a sofrer alguma perturbação).
Os preferidos dos viajantes europeus
Todos os passageiros têm preferências quando se trata de viajar e, de acordo com os registos da AirHelp, os europeus parecem ser os mais preocupados com o seu bolso, uma vez que a companhia aérea mais popular para viajar a partir da Europa é a Ryanair. A companhia aérea irlandesa regista números exorbitantes em comparação com as outras companhias: quase 1 milhão de voos operados e mais de 150 milhões de viagens – o dobro da segunda companhia mais movimentada. No entanto, quem quiser ter mais certezas de que o horário do seu voo será cumprido, deve procurar a Fly Play como a sua companhia aérea de referência. Também de baixo custo, esta companhia aérea cumpre os seus horários de partida em 89,3% dos seus voos.
“O ano de 2024 foi um ano positivo para os aeroportos portugueses, que, em geral, registaram uma melhoria na performance da operação de voos, no que à pontualidade diz respeito, com uma diminuição do número de voos e de passageiros afetados por problemas nos voos, com cancelamento e atrasos, apesar do aumento do número de voos totais operados com partida em Portugal e a manutenção do número de passageiros. Assistimos, então, a uma inversão da tendência de crescimento dos números e das percentagens de voos e passageiros afetados por perturbações que se vinha registando desde o fim da pandemia de Covid-19.
Tal como noutros setores ligados ao turismo, a escassez de profissionais qualificados ainda foi um problema que dificultou as operações de voo um pouco por toda a Europa. A isto somam-se as greves de funcionários, que causam perturbações adicionais. Assim, continuamos a incentivar todos os viajantes a informarem-se sobre os seus direitos enquanto passageiros aéreos, bem como a verificarem se são elegíveis ou não a receber alguma compensação devido a atrasos e cancelamentos que ocorram em 2025”, remata Pedro Miguel Madaleno.