De acordo com uma pesquisa internacional recente, divulgada pela Exame, o preconceito etário continua a ser um dos principais obstáculos enfrentados por profissionais com mais de 50 anos no mercado de trabalho. Mesmo quando recebem ofertas salariais compatíveis com a sua experiência, muitos destes trabalhadores relatam dificuldades em manter ou retomar as suas carreiras, devido a barreiras culturais e estruturais que persistem nas organizações.
O levantamento aponta que, embora haja um reconhecimento crescente sobre a importância do conhecimento acumulado e da estabilidade emocional trazida por profissionais seniores, esse valor raramente se traduz em práticas de contratação inclusivas. Muitos continuam a ser preteridos em processos seletivos, sobretudo em áreas associadas à inovação, tecnologia ou comunicação, onde predomina a valorização da juventude.
Segundo especialistas ouvidos pela publicação, a descriminação de idade é muitas vezes subtil, manifestando-se em frases como “não se encaixa na cultura da empresa” ou “precisamos de alguém mais dinâmico”. Este tipo de exclusão acaba por afastar profissionais altamente qualificados, com capacidade de liderança e visão estratégica, que poderiam acrescentar valor real às equipas.
A situação torna-se ainda mais preocupante tendo em conta as projeções demográficas. Com o envelhecimento da população e o aumento da idade da reforma, as empresas terão, inevitavelmente, de integrar mais trabalhadores seniores. A falta de preparação para lidar com equipas multigeracionais pode resultar em perda de competitividade e know-how.
Além disso, a pesquisa mostra que muitos destes profissionais estão disponíveis para continuar a aprender e a adaptar-se a novas tecnologias, contrariando a ideia de que a idade representa resistência à mudança. No entanto, falta às empresas uma abordagem mais concreta e sistemática para atrair, reter e valorizar este público.
Iniciativas como programas de requalificação, mentorias reversas e políticas explícitas de inclusão etária podem ser caminhos eficazes para combater o preconceito e promover uma verdadeira diversidade geracional no mercado de trabalho.