O Homem Vitruviano, desenhado por Da Vinci em 1490, é uma das representações mais conhecidas do corpo humano na história da arte. Mostra um homem nu com braços e pernas abertos, sobreposto a um círculo e a um quadrado, simbolizando a harmonia entre arte, ciência e natureza. Durante mais de 500 anos, investigadores tentaram entender como Da Vinci conseguiu encaixar a figura humana de forma tão precisa nestas formas geométricas. A resposta pode estar num triângulo.
De acordo com o dentista e geneticista Rory Mac Sweeney, a chave do enigma pode ser o triângulo de Bonwill, uma figura imaginária usada em anatomia dentária moderna que define a posição ideal da mandíbula. Segundo o especialista, Da Vinci poderá ter descoberto esta proporção muito antes da ciência contemporânea a formalizar. A descoberta foi publicada no Journal of Mathematics and the Arts e citada pelo Mail Online.
Sweeney analisou a proporção entre o quadrado e o círculo no desenho e comparou-a com um valor conhecido como “número do projeto especial” (1,6333), frequentemente encontrado em estruturas naturais altamente resistentes. Para o dentista, a precisão matemática do desenho é tudo menos acidental. “Leonardo sabia, ou sentia, que os nossos corpos são construídos com a mesma elegância matemática que o universo ao nosso redor”, afirmou.
Nas notas manuscritas que acompanham o desenho original, Da Vinci faz referência à presença de formas geométricas específicas, entre elas o triângulo. Sweeney acredita que este triângulo não é decorativo, mas essencial para entender a lógica por trás do desenho. “Todos estávamos à procura de uma resposta complexa, mas a chave estava nas palavras do próprio Leonardo”, declarou.
Esta nova interpretação reforça a ideia de que Da Vinci unia arte e ciência com um rigor que antecipou descobertas que só viriam a ser comprovadas séculos mais tarde. Pode não ser o Santo Graal escondido na Última Ceia, mas para os admiradores do génio renascentista, trata-se de um achado verdadeiramente fascinante.