Os jeans são uma peça indispensável no guarda-roupa de muitas pessoas — clássicos, versáteis e duradouros. No entanto, o valor que se paga por um par pode variar imensamente: desde os 30 ou 40 euros, até centenas (ou mesmo milhares) por modelos de marcas de luxo. Mas será que vale a pena pagar 500 euros por uns jeans? E o que está verdadeiramente por trás dessa diferença de preço?
Um artigo recente publicado pelo The Huffington Post nos EUA esclarece muitos dos mitos que rodeiam esta questão, explorando os principais factores que determinam o custo — e a qualidade — dos jeans.
Segundo Elizabeth Davey, gestora de produto da marca Duer, detalhes adicionais no design, como costuras duplas, bainhas manuais ou bordados personalizados, são processos que exigem mais tempo e mão-de-obra, encarecendo naturalmente o produto. Karen Letier, fundadora da Democracy Clothing, destaca que estes acabamentos, muitas vezes feitos à mão, implicam um esforço adicional que se reflete no preço final.
Os jeans são tradicionalmente feitos de algodão — mas nem todo o algodão é igual. O algodão orgânico, por exemplo, é cultivado sem pesticidas e com menos consumo de água, o que o torna mais caro. Tecidos de países como o Japão ou Itália são altamente valorizados por utilizarem técnicas artesanais de tingimento e tecelagem, dando origem ao famoso denim japonês — conhecido pela sua durabilidade e conforto.
Modelos feitos com 100% algodão tendem a ser mais resistentes e duradouros do que os que incluem materiais sintéticos. No entanto, muitas marcas optam por misturar algodão com elastano ou poliéster para conferir maior elasticidade e conforto. Essa escolha influencia tanto o preço como o tempo de vida da peça.
Jacqueline Diane, designer de jeans, lembra que as grandes marcas conseguem reduzir significativamente os custos por produzirem em larga escala. Isso significa que, por vezes, marcas populares conseguem vender jeans a preços mais acessíveis sem comprometer totalmente a qualidade. Por outro lado, marcas pequenas ou artesanais, que trabalham com produções limitadas e mais personalizadas, não conseguem competir em preço, embora ofereçam produtos igualmente (ou mais) robustos.
Há ainda a questão ética: se um par de jeans custa muito pouco, é provável que alguém na cadeia de produção não esteja a ser justamente compensado. Marcas que praticam uma produção sustentável — com salários dignos, matérias-primas ecológicas e eliminação responsável de resíduos — apresentam preços mais elevados. Mas aqui, o consumidor não está apenas a pagar pela peça, está a investir numa escolha consciente.
Por fim, não se pode ignorar o fator “prestígio”. Marcas de luxo frequentemente utilizam as mesmas fábricas e técnicas de produção que marcas de gama média, mas aplicam margens mais altas devido ao investimento em publicidade, desfiles, embaixadores de marca e lojas em localizações premium.
Ou seja, um par de jeans de 500 euros nem sempre é radicalmente diferente de um de 100 em termos de fabrico — mas carrega consigo o peso de uma marca e de um estilo de vida aspiracional.