A palavra bullying teve origem nos anos 80, na Noruega, Bully significa ameaçar, intimidar. Em português, não existe uma palavra específica para caraterizar este tipo de violência, começa por explicar a psicóloga Cátia Sandiães.
Entende-se por bullying qualquer ato agressivo, verbal ou físico praticado entre pares de modo intencional e continuado no tempo.
Tipos de Bullying
Dentro deste fenómeno, podemos identificar vários tipos:
- Bullying verbal: ofensas (ex. parvo(a)); alcunhas depreciativas (ex. caixa de óculos);
- Bullying físico: agressões físicas (ex. pontapés; chapadas);
- Bullying psicológico: comentários ou atos que provoquem mal-estar psicológico propositadamente (ex. “És demasiado magra/Tu és bom rapaz mas o Y é melhor);
- Bullying social: difamação; exclusão de grupos (ex. A X dormiu com os rapazes da turma toda/ Tu já não podes jogar, já temos o grupo completo);
Bullying sexual: carícias, toques contra a vontade do próprio; - Ciberbullying: prática de atos agressivos com recurso aos meios informáticos (ex. exposição de fotos privadas numa rede social);
Possíveis Consequências no bullying
Para a vítima
– Isolamento;
– Baixa autoestima;
– Suicídio;
– Tornar-se num agressor (repete com outro o que fizeram com ela);
Para o agressor
– Reforço dos comportamentos agressivos/violentos;
– Promoção de um tipo de personalidade impulsiva e agressiva;
– Limitações no respeito de regras e limites;
– Pouco respeito pelo próximo e pelos seus sentimentos.
Prevenção do bullying
É importante transmitir, junto das crianças e jovens, o que é o bullying e como devem atuar se forem vítimas ou se forem observadores (souberem de alguém que é vítima).
O desconhecimento, muitas vezes, é um problema para a identificação desta problemática (uma vez que nem sempre as formas de agressão são óbvias à primeira vista, como é o caso do bullying psicológico), bem como, não saber a quem recorrer nestas situações.
As famílias, em casa, devem alertar os seus filhos para o que é o bullying e como devem agir (ex. falar com um adulto da sua confiança na escola; comunicar com os pais sobre isso).
As escolas, por sua vez, devem investir em programas de prevenção a serem aplicados em turma elucidando assim os alunos para o que é este fenómeno e quais as suas consequências. Também deve atuar ao nível da mediação, na resolução de casos identificados, prestando o devido apoio a ambas as partes.
Intervenção junto da vítima
As vítimas são percecionadas pelo agressor como sendo um alvo fácil, porque lhe atribuem alguma caraterística de fraqueza (ex. física; personalidade).
A intervenção com a vítima passa por ajudá-la a arranjar estratégias para lidar com a situação, nomeadamente, estratégias que promovam a sua autoestima e o seu poder pessoal (ex. tomar consciência dos seus pontos fortes) e de enfrentamento da situação (ex. mostrar uma atitude de afirmação face ao agressor, como por exemplo dizer-lhe que não vai permitir que continue a ter esse comportamento ou de ignorar, virando-lhe costas). A adoção de atitudes diferentes do habitual, irá fazer com o agressor se sinta desconfortável porque não sabe com o que está a lidar, perde o controlo que antes tinha sobre a vítima.
Intervenção junto do agressor
O agressor é sempre alguém que está em sofrimento psicológico e não consegue lidar com isso, canalizando a sua raiva para alguém que considera ser fraco.
Existe, assim, muitas dificuldades por parte do agressor em gerir as suas emoções de modo adequado, “descarregando” as suas frustrações no outro.
O trabalho de reeducação dos agressores nem sempre é feito, incidindo as medidas interventivas em medidas sancionatórias. Embora seja importante existir uma repreensão do comportamento desadequado, também é de extrema importância ajudar psicologicamente estas crianças/jovens.