“Está a acontecer uma autentica revolução no tratamento da doença oncológica com o aparecimento de cada vez mais novos medicamentos dirigidos a novos alvos moleculares ou a novas características que se vão descobrindo nos tumores (…). A medicina de precisão, especialmente em oncologia, passa por procurar o tratamento mais indicado no momento certo para o doente que dele precisa”, descreveu o presidente do IPO do Porto.
À Lusa, Júlio Oliveira disse que este evento internacional reúne peritos de 17 países europeus “em torno de um conceito que pode parecer óbvio, mas que na prática ainda não está a acontecer” que é o objetivo da equidade.
O PCM4EU Spring Academy tem início hoje às 13:15 e estende-se até sábado.
Trata-se de uma iniciativa no âmbito da participação do IPO Porto no consórcio europeu PCM4EU – Personalised Cancer Medicine for all UE citizens, que em português livre, significa medicina personalizada para todos os cidadãos com cancro da União Europeia.
O programa de formação intensiva para participantes registados inclui uma iniciativa aberta ao público, já hoje à tarde, com o nome “Past, Present & Future of Personalize Cancer Medicine in Europe”: passado, presente e futuro da medicina personalizada do cancro na Europa.
Entre mais de 60 investigadores internacionais destacam-se Hans Gelderbom (Holanda), Bettina Ryll (Súécia), Jean-Yves Blay (França), Ebba Hult (Suécia), Kjetil Taskén (Noruega), de acordo com o resumo enviado à Lusa pelo IPO do Porto.
Portugal está representado por oradores do IPO Porto, designadamente Júlio Oliveira, médico e farmacologista clínico que preside a instituição, bem como por Rui Santos Ivo, presidente do INFARMED.
“O principal objetivo deste encontro é reduzir as desigualdades no acesso à medicina de precisão em oncologia atualmente existentes entre e dentro dos países da UE e, consequentemente, aumentar a sobrevivência e a qualidade de vida dos doentes com cancro”, lê-se ainda no resumo.
Em causa está uma prática clínica, a medicina de precisão, “que já existe e já está a ser utilizada, uma área que, nos últimos anos, tem permitido grandes avanços no combate ao cancro (…) mas que exige muito investimento”, acrescentou Júlio Oliveira.
Defendendo que “é muito importante que este processo seja cada vez mais acessível por parte de todos”, sendo “essencial que haja mais investimento”, o presidente do IPO do Porto sublinhou que “é preciso um esforço conjunto entre diferentes instituições para se coordenar a recolha da informação e o desenvolvimento de estudos”.
“O objetivo é que mais doentes possam ter acesso a tecnologias que até já estão disponíveis, mas muitas vezes não estão acessíveis para o doente que tem uma patologia em concreto que não está coberto pela aprovação do medicamento em causa”, resumiu o presidente da instituição que desenvolveu, em 2021, o primeiro programa nacional de medicina de precisão em oncologia.
Trata-se de uma espécie de bilhete de identidade do tumor, ou seja, a doentes que já esgotaram os tratamentos oncológicos convencionais é oferecida sequenciação dos genes do seu tumor, procurando genes que estejam alterados e para os quais se possam dirigir tratamentos em contexto de ensaios clínicos ou medicamentos que estejam já comercialmente disponíveis, mas aproados para outras aplicações terapêuticas.
“Escolher tratamentos cada vez mais precisos está a permitir um aumento da expectativa de sobrevivência e da qualidade de vida dos doentes. Mas esta aposta tem um custo substancialmente levado (…). Portugal tem um défice importante nas condições para desenvolvimento da investigação clínica”, lamentou.
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